A implementação de sistemas híbridos de geração de energia não é tão simples como conceitualmente parece ser. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), não estão claros os benefícios desse tipo de arranjo para o sistema elétrico e a experiência internacional mostra que há grandes dificuldades de implementação, principalmente sobre o ponto de vista comercial e regulatório.

A combinação de duas fontes de geração distintas operando complementarmente vem sendo estudada em vários países, como Índia, Reino Unido, Austrália e Estados Unidos. No Brasil, o tema ganhou mais força com a expectativa de entrada do preço horário de energia, previsto para janeiro de 2020.

As usinas híbridas são vistas como uma forma de otimizar o uso da rede de transmissão, bem como como reduzir a variabilidade diária e mensal das fontes eólica e solar. Outras questões podem fazer com que seja interessante construir usinas de fontes diferentes no mesmo local, como aproveitamento de terreno, ganhos sinérgicos na construção, operação e manutenção, etc.

O assunto estava pronto para entrar em consulta pública por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), como revelou o diretor da Aneel Sandoval Feitosa durante participação na 10ª edição do Brazil Windpower 2019. Porém, a EPE pediu para adiar o processo, com o objetivo de incluir as informações que foram divulgadas nesta segunda-feira, 10 de junho, em nota técnica.

A EPE sugere que, num primeiro momento, se estude a retirada das barreiras regulatórios para esse tipo de solução para o ambiente livre e, após um melhor entendimento de seus benefícios e dificuldades, estude a extensão para o mercado regulado. A EPE também recomenda que não sejam criados subsídios ou regras específicas para esses arranjos em leilões do mercado regulado neste momento.

“A experiência internacional em usinas híbridas demonstra que, apesar de haver potenciais benefícios, há grandes dificuldades, sobretudo comerciais e regulatórias para sua implementação. A maioria dos projetos construídos até o momento dependeu de subsídios ou regulações específicas que os favoreceram, e em alguns deles tais benefícios foram questionados ou mesmo judicializados. A Índia, que vem tentando utilizar mecanismos de mercado como os leilões de energia, não vem obtendo até o momento o sucesso na contratação das quantidades pretendidas de soluções híbridas”, disse EPE.

O órgão também disse que os benefícios dos sistemas híbridos dependem das condições de cada sistema elétrico e que o efeito da combinação de portfólio, no Brasil, “já pode ser em parte capturado pelo arcabouço atual na medida em que diferentes fontes se conectam em pontos do sistema elétrico próximos, incluindo aqueles que compartilhem as mesmas instalações interesse restrito.” Clique aqui para ter a íntegra da nota técnica da EPE.