A CEEE está avaliando vender ativos para fazer caixa e realizar os investimentos necessários na companhia. A opção é vista como a mais viável pelo presidente da empresa, Paulo de Tarso, frente às restrições de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e também de cortes orçamentários realizados pela União devido ao cenário econômico pelo qual passa o país. O executivo explicou à Agência CanalEnergia que a medida faz parte de um plano de ajuste da própria CEEE, que passa por uma série de medidas, que além da alienação de ativos, visa redução dos custos e racionalização dos gastos.
Tarso ainda não sabe quais ativos devem ser vendidos, mas a ideia é ter isso definido até o fim do primeiro semestre deste ano. "Nós temos uma série de hortos florestais que outrora serviram para a produção de postes de madeira da companhia e que hoje não tem mais finalidade. Então, essas áreas são obviamente elegíveis para a alienação", exemplificou o executivo. No entanto, algumas questões, ainda de acordo com ele, precisam ser resolvidas, como a conferência do registro de propriedade e avaliação não só do terreno, mas também dos maciços florestais que estão em cima.
"Essas áreas existem, elas estão sendo objeto dessa avaliação e, obviamente, quando nós estivermos com isso pronto vamos, através dos mecanismos legais, notificar a sociedade que estamos colocando esses imóveis a venda para que possíveis interessados possam se habilitar ao respectivo processo legal", comentou Tarso. Ele disse que em 2015 a empresa tinha mais de R$ 240 milhões em recursos disponíveis no BNDES mas deixaram de contar com algo em torno de R$ 150 milhões.
"Paralelamente, nós tínhamos recursos também alavancados no sistema de orçamentos, basicamente no sistema Eletrobras, de cerca de R$ 90 milhões, que com o processo de reajuste macroeconômico empreendido pelo governo no segundo semestre do ano passado, foram retirados do sistema orçamentário. Esses recursos financiariam obras", declarou. No total foram R$ 240 milhões de restrição financeira que impediu a empresa de investir mais nas áreas de distribuição e de geração e transmissão.
Tarso explicou que esses recursos estavam no orçamento da União e eram destinados ao setor elétrico. "A CEEE, através de alguns programas, tinha participação nesse processo. Essas dificuldades acabaram nos trazendo essa restrição de poder ter uma maior capacidade de investimentos", analisou.
O executivo não quis revelar qual a projeção de investimentos da companhia para este ano, mas disse que o desejo é ampliar os valores aportados em 2015. No ano passado, a empresa investiu R$ 215,4 milhões na distribuição, 23% menos que em 2014. Na geração, foram aportados R$ 115,8 milhões, montante 2,1% menor que no ano anterior. Além disso, a empresa realizou Adiantamento para Futuro Aumento de Capital (AFACs) em duas SPEs – projeto eólico Povo Novo e Transmissora Elétrica Sul Brasileira – no valor de R$ 275,1 milhões.
"O nosso desejo é ampliar os valores investidos em 2015. Gostaríamos de ter observado o parâmetro inflacionário e mais a necessidade de crescimento dos investimentos e gostaríamos de ampliá-los, mas temos que ter um funcionamento bastante realista. Não adianta fazermos um esforço excessivamente grande para investir sem ter a respectiva capacidade de poder amortizar esses investimentos", avaliou Tarso.
Segundo ele, a conjuntura do setor elétrico associado a conjuntura macroeconômica coloca a necessidade de ter uma prudência com relação aos desdobramentos que ainda estão por vir. "Temos uma crise política que, de certa forma, atrofia as questões que são consideradas essenciais e decisórias para o setor elétrico e não temos nesse momento uma perspectiva de resolutividade", afirmou.
Mesmo com esse cenário, Tarso não descartou completamente a participação da companhia em leilões do governo. "Dizer que não vamos participar seria uma declaração precipitada. O que nós temos com clareza é que para participar dos leilões nós temos que estar com os indicadores do projeto econômico-financeiro compatíveis com os indicadores que temos que apresentar para manutenção das concessões", disse. Ainda segundo ele, para participar dos certames é preciso ter certeza de que os projetos tem fluidez econômica e financeira, que são viáveis e que a empresa tem capacidade de implementá-los, sem que isso traga desequilíbrios econômico-financeiros incompatíveis com as metas a cumprir dos contratos de concessão tanto da CEEE-GT quanto da CEEE-D.