A expectativa acerca do leilão de energia nova A-5 que será realizado nesta sexta-feira, 29 de abril, começa a confirmar a estimativa de que a demanda será baixa ou quase nula. A AES Brasil confirmou que não tem interesse no certame, tanto na ponta de venda com a AES Tietê Energia, nem na demanda com a AES Eletropaulo ou AES Sul. Esse sintoma reflete a situação de sobrecontratação de 112% da empresa para esse ano e à média de 113% das distribuidoras no Brasil.
“Não participaremos nem para a compra nem para a venda de energia”, declarou o presidente do grupo AES Brasil Julian Nebreda, em evento realizado nesta quinta-feira, 28 de abril, em São Paulo. A questão da sobrecontratação de energia pelas distribuidoras, afirmou ele, é a mais importante a ser combatida nesse momento. E a perspectiva de continuidade de sobras de energia no mercado deverá continuar para esse ano. Nebreda, que assumiu a empresa há um mês, lembrou que houve uma queda da demanda de 5% na área de concessão da AES Eletropaulo no ano passado e que a tendência é de que neste ano o indicador fique nesse mesmo patamar.
Por isso, afirmou o executivo venezuelano, a solução para esse problema é urgente e precisa ser tratado de forma imediata. Entre os temas que devem fazer parte das discussões estão o processo de preços da energia, período de contratação de energia por uma distribuidora e o tempo para a contratação que hoje é de pelo menos três anos e a não necessidade de se contratar sempre mais energia. “Essas condições afetam a capacidade das distribuidoras se adaptarem à queda da demanda”, destacou ele.
Apesar do imediatismo na adoção de uma solução para o problema ele admite que a toda a cúpula do setor elétrico brasileiro parece estar sensível à importância do tema que tem importante potencial de impacto sobre as contas das concessionárias, pois a aquisição de energia foi feita em um patamar de preços que pode variar entre R$ 140 ou R$ 150/MWh e as sobras são liquidadas ao PLD, que hoje está praticamente no piso regulatório.
“O impacto com a energia contratada no mercado regulado e vendida no mercado spot é um tema urgente, não é para amanhã, tem que ser para hoje, o sistema brasileiro não tem condição de suportar esse peso adicional”, acrescentou ele. Em sua avaliação, um ponto que deverá ser revisado no país é a volatilidade dos preços. Esse tema, comentou, é importante para trazer mais previsibilidade ao mercado, para que as empresas possam administrar seus recursos de forma mais conservadora.