A projeção de vazões para o primeiro mês do período seco de 2016 apresentou um volume de energia natural afluente 36,52% menor em comparação ao que se esperava para o mês de abril. De acordo com os dados preliminares do Operador Nacional do Sistema Elétrico, que serão utilizados para a elaboração do Programa Mensal de Operação de maio, está prevista energia natural afluente total de 45.272 MW médios ao final do mês. Em abril, o volume esperado inicialmente, mas que não se concretizou era de 71.327 MW médios.
Para este mês, a estimativa é de que a ENA esteja acima da média histórica apenas no Sul do país, com 108% da média de longo termo. No Sudeste/Centro Oeste, a maior região de consumo do país, o indicador inicial é de 76% da MLT, no Norte esse volume é de 41% e no Nordeste de 25% da média histórica.
No mês de abril, houve influência direta de uma zona de alta pressão que impediu sua passagem do Sudeste para o Sul. Com isso, a ENA projetada no início deste mês, que estava em 92% da MLT fechou em 72%. No Nordeste a situação foi pior, com as vazões encerrando abril à metade do que se previu originalmente, com 23% da média histórica.
Ao mesmo tempo as temperaturas elevadas fizeram com que a curva de carga deste mês apresentasse um perfil semelhante à curva de verão. Já com a redução da temperatura a queda na semana ficou em 6 mil MW médios ao se comparar os volumes do dia 20 de abril. A carga no Sudeste, como o ONS já vinha apontando nas revisões semanais do PMO vinha subindo e ao final de abril o órgão apontou aumento da previsão inicial de 39.000 MW médios para 42.000 MW médios. No sul a previsão de aumento é de 11% e no Nordeste e Norte a carga ficou dentro da média.
A previsão para o trimestre maio, junho e julho deverá ser de temperaturas amenas no Sul e no Sudeste. As chuvas deverão ocorrer nos extremos Norte e Sul do Brasil, mas a tendência é de que seja verificada um menor volume do que o habitual. O El Niño deverá durar mais um ou dois meses. Atualmente, apresentou o ONS no primeiro dia de reunião do PMO de maio, está enfraquecendo em toda a sua extensão do pacífico equatorial. Além disso, já é possível afirmar que o La Niñao oderá ocorrer em agosto ou setembro. A consequência é que as chuvas deverão continuar marginalmente acima da média no Sul e abaixo no Nordeste.
Em termos operacionais o ONS já prevê que este ano deverá ser o primeiro sem que a UHE Tucuruí (PA, 8.340 MW) não apresentará vertimento. Tanto que há a medida de redução da geração da usina para tentar armazenar mais água em seu reservatório. Assim é verificada a manutenção da curva de deplecionamento da central mas com disponibilidade menor em comparação a outros anos.
Segundo dados do operador, a geração eólica apresentou grande intermitência na geração, chegou a passar de 3 mil MW médios para algo entre 600 a 700 MW médios. Com isso, foi necessário fazer a modulação no intercâmbio e em alguns dias até mesmo o isso de térmicas adicionais na região. Contudo nesse mesmo período houve ainda recorde de geração eólica nos dias 17 e 18 com pico de 4.594 MW médios e fator de capacidade de 74% ante uma capacidade instalada de 6.300 MW.
Mas, a partir de meados de abril houve despacho total de térmicas de CVU até R$ 211/MWh sem modulação na carga leve. Nesse mês, destacou, houve a entrada da primeira UG da UHE Belo Monte e a devolução de energia para a Argentina.