A PSR defende que seja realizada uma nova avaliação entre as diferentes metodologias de aversão ao risco, em especial entre a SAR – Superfície de Aversão ao Risco – e a metodologia atual, o CVaR – Conditional Value at Risk. O objetivo seria incorporar a lógica do operador no despacho térmico ao modelo computacional. Para a consultoria, a CVaR, que começou a ser utilizada em setembro de 2013 com esse intuito, mostrou-se ineficaz, visto que o despacho indicado pelo modelo tem sido diferente do realizado na prática pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico.
Segundo a PSR, desde janeiro de 2008 até hoje – abril de 2016 -, "não houve quase nenhum mês em que as decisões do operador e as indicadas pelo modelo tenham coincidido", apontou. A discrepância mais extrema, segundo a análise da PSR, ocorreu em janeiro deste ano, quando o Custo Marginal de Operação calculado pelo modelo foi praticamente zero. "Este CMO nulo reflete uma situação de absoluto conforto operativo, na qual nenhuma termelétrica precisa ser acionada acima da sua inflexibilidade. No entanto, neste mesmo mês, o ONS acionou quase 20 mil MW de térmicas, incluindo geradores a óleo combustível, com custos operativos de R$ 600/MWh", observou.
Quando o CVaR foi implantado, a ideia era acabar com o despacho fora da ordem de mérito, ou seja, fora do que era indicado pelo modelo, acabando, por consequência, com o Encargo do Serviço do Sistema. Mas na prática, lembra a PSR, após quinze dias do anúncio do MME sobre a nova metodologia de aversão ao risco, o ONS tomou uma decisão operativa diferente do modelo computacional, o que resultou em novos montantes de ESS.
O motivo desses despachos térmicos em época de chuvas, na avaliação da consultoria, é permitir que os reservatórios do Nordeste encham o máximo possível antes da estação seca. As restrições de defluência mínima nessa região têm um impacto muito significativo no esvaziamento. "Se somarmos a este problema o baixo nível de armazenamentos dos reservatórios da região e as perspectivas de afluência desfavoráveis, possivelmente um rescaldo do El Niño, a estratégia de encher ao máximo os reservatórios nos parece fazer bastante sentido", comentou.
A PSR elenca duas razões principais para o modelo não incorporar essa lógica do ONS. A primeira é que, diferentemente da SAR, que permite o estabelecimento de metas de armazenamento por região, a CVaR agrega os custos de todas as regiões na função objetivo. "Além disto, a relação entre os parâmetros do CVaR e os objetivos de segurança operativa é bastante indireta, o que dilui ainda mais os problemas de uma região específica", ressaltou. A segunda razão é que o modelo computacional coloca uma penalidade nas restrições de defluência mínima em cada região. "Há evidências importantes que esta penalidade não está bem calibrada, o que afeta justamente a região Nordeste", diz a PSR no Energy Report de abril.
No momento, existem estudos no âmbito do governo de que os parâmetros alfa e lâmbida deveriam ser modificados, de forma a antecipar o despacho de térmicas mais baratas. No entanto, a PSR considera que a melhor solução para o setor não seria adotar um novo conjunto de parâmetros e, sim, revisitar com profundidade as vantagens e desvantagens das diferentes metodologias de aversão ao risco, olhando de forma mais atenta para a SAR, que na opinião da consultoria seria mais indicada para a operação do sistema.