Os agentes estão preocupados com o desfecho que uma troca presidencial poderia causar no setor elétrico. O temor é que, na ânsia de cortar custos, o novo governo desenterre a ideia de criar o Ministério de Infraestrutura. A pasta reuniria setores como transporte e energia. Essa ideia já foi testada em 1992 no governo Fernando Collor, porém não teve sucesso. O senador Aécio Neves (PSDB-MG), então candidato a presidente em 2014, chegou a dizer que, se eleito, criaria a pasta para reduzir ministérios.
Na opinião do presidente do Fórum de Associações do Setor Elétrico Brasileiro, Mario Menel, a experiência foi péssima no passado. “O setor elétrico é muito grande, muito complexo para ter intermediários”, defendeu o executivo que também preside a Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia. “A posição do FASE foi de manifestar publicamente posição contrária a essa possibilidade”, disse. Para ele, o setor tem problemas estruturais que exige uma dedicação exclusiva de um ministro. “Criar um escalão a mais não funcionou no passado e não acreditamos que não funcionará no futuro.”
O presidente da Associação Brasileira de Comercializadores de Energia Elétrica, Reginaldo Medeiros, compartilha da opinião de Menel. Ele lembrou que o setor energético vive um momento de grandes desafios no Brasil, em especial no setor elétrico. Há uma expectativa que o setor passe por uma nova onda de privatizações, começando na Petrobras e depois na Eletrobras. Além disso, o setor elétrico ainda tenta resolver vários problemas herdados da intervenção da Medida Provisória 579/2012.
“Nesse contexto, é muito importante que se tenha um Ministério de Minas e Energia, porque as questões que envolve o setor de energia em geral são muito complexas”, defendeu. “Essa experiente de Ministério de Infraestrutura, em que o MME passasse a ser uma secretaria de energia, isso já foi experimentado no governo Collor e não foi uma experiência bem sucedida, tanto que voltou ao arranjo atual e que temos hoje.” Para ele, é muito importante que o setor elétrico, dada sua importância para econômica brasileira e por ter características técnicas muito específicas de uma complexidade bastante grande, que se tenha um ministro especializado nesse assunto.