O Operador Nacional do Sistema Elétrico e a Empresa de Pesquisa Energética estudam alternativas sistêmicas para minimizar os impactos negativos causados pelo atraso de empreendimentos de transmissão sob responsabilidade da Abengoa Concessões Holding, que enfrente graves problemas financeiros na Espanha e contamina todas as subsidiárias nos países em que atua.
 
Um estudo realizado pelos dois órgãos, e apresentado ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico em março, aponta que os atrasos nas obras da Abengoa limitarão as exportações de energia das regiões Norte e Nordeste e o intercâmbio Sudeste para o Sul, com efeitos percebidos a partir de 2017 e que se estendem até 2020. O atraso dos empreendimentos da Abengoa também comprometerá obras de outras empresas, que ficarão impedidas de entrarem em operação no prazo planejado. Os órgãos consideraram como premissa o atraso na construção de 7 mil km de linhas, lembrando que a Abengoa é responsável por 6,3 mil km em construção no Brasil.
 
Foi identificado que no escoamento de geração da Região Norte (UHE Tucuruí, Belo Monte e UHE Estreito) sofrerá uma restrição máxima de 1.200 MW de carga leve no período úmido 2017 e 900 MW em carga leve no período úmido de 2018. O pico de restrição será alcançado em 2019, quando haverá uma limitação de 3.300 MW em carga leve e 1.700 MW nos demais patamares de carga.
 
O estudo, o qual a Agência CanalEnergia teve acesso, traz recomendações para amenizar os impactos causados pela Abengoa. Em determinado momento, os órgãos sugerem que sejam tomadas todas as "medidas cabíveis" para evitar atraso na entrada em operação das LTs Tucuruí/Itaicaiúnas/Colinas (Isolux), prevista para dezembro de 2017, "face o impacto de 1 mil MW na capacidade de exportações pelo Norte".
 
Também sugerem a substituição, até final de 2017, de equipamentos da LT Serra da Mesa/Peixe, "o que produzirá ganho de 350 MW no limite de exportação do Norte nos primeiros meses dos anos de 2018 e 2019". Ainda pede prioridade para viabilização, até final de 2019, das LTs 500 kV Xingu/Parauapebas/Miracema e Parauapebas/Itaicaiúnas, face ao ganho de 1.600 MW na capacidade de exportação em carga pesada para o Norte e 500 MW em carga leve.
 
Para a exportação da região Nordeste, onde há grande concentração de novos projetos eólicos, o documento sugere que se dê prioridade a entrada em operação das LTs 500 kv Barreiras II, Bom Jesus da Lapa/ Ibiocara/Sapeaçu, face ao ganho de 2 mil MW na capacidade de exportação.
 
No caso do intercâmbio Sul e Sudeste, os órgãos calculam que a ausência da LT 500 kV Marimbondo – Campinas (Abengoa) implicará em alta dependência da geração térmica do Rio de Janeiro, para controle de sobrecargas na rede de 500 kV, no cenário de altos intercâmbios para a região Sul. Contudo, essa dependência será minimizada em novembro de 2017 após a entrada em operação das LTs 500 kV Araraquara 2 – Fernão Dias e Araraquara 2 – Itatiba (Mata de Santa Genebra).