O endividamento da EDP ao final do primeiro trimestre de 2016 está em um patamar próximo ao limite do que a administração da empresa considera como o referencial máximo, que é a relação de três vezes a dívida líquida sobre o resultado Ebitda. Apesar de oficialmente a companhia estar com essa relação em 1,4 vez, conforme o release de resultados, esse número não reflete a parcela da dívida referente às usinas de Santo Antônio do Jari, Cachoeira Caldeirão e São Manoel, em função desses ativos não serem consolidados nos seus resultados trimestrais.

A capitalização da empresa foi questionada por mais de um analista na teleconferência de resultados da companhia realizada na tarde desta terça-feira, 3 de maio. Miguel Setas, presidente da empresa, disse que essa medida vem em um momento de incertezas no país. “Efetivamente, o nível de endividamento da companhia com as usinas vai a 2,8 vezes a relação entre a dívida líquida ante o ebitda, um nível muito próximo ao referencial máximo de 3 vezes. Entendemos que o atual momento é de incerteza no país e com o agravamento do custo da dívida. Tomamos essa medida como uma posição prudente para reforçar, mesmo sem nenhuma previsão de M&A, a liquidez do grupo nesse momento”, destacou o executivo.
Segundo o CFO da EDP, Henrique Freire, o entendimento da empresa é de que o atual patamar é prudente mas a evolução do endividamento desconectado de efeitos recorrentes está em 2,34x e com a inclusão das usinas aumenta para o nível indicado por Setas. Contudo, considerando o limite máximo dessa chamada de capital, que poderá alcançar até R$ 1,5 bilhão, o indicador recuaria para 1,59x e 2,1x, respectivamente. “Portanto, voltaríamos novamente a apresentar nível de alavancagem mais próximo ao nosso histórico”, acrescentou.
O limite de endividamento da empresa, o chamado convenant financeiro, é de 3,5 vezes a relação entre a dívida líquida sobre o resultado ebitda. Se ultrapassado esse limite, os credores da companhia podem pedir a antecipação da liquidação das dívidas.
Setas detalhou a destinação dos recursos que serão apurados pela companhia. Entre as suas aplicações está a avaliação de pagamento das dívidas mais caras e de menor eficiência tributária. Entre dois exemplos estão as dívidas da holding e da aquisição da parcela de Pecém I junto à ex-MPX, atual Eneva que era a sócia no empreendimento. Ele reforçou que parte desse dinheiro poderá ser utilizado ainda nas atividades operacionais e de investimentos em ativos já contratados e que estão em obra, como a UHE São Manoel (MT/PA, 700 MW). “O aumento de capital permite que tenhamos flexibilidade para o futuro da empresa nos próximos tempos”, destacou o executivo.