O Conselho de Líderes do Centro Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável lançou dois estudos sobre o setor elétrico, com o objetivo de proporcionar soluções para o desenvolvimento do país de modo sustentável e harmonioso e compartilhar uma visão de futuro a vários segmentos empresariais. Os estudos ‘Financiamento à Energia Renovável: entraves, desafios e oportunidades’ e ‘Consumo Eficiente de energia elétrica: uma agenda para o Brasil’, foram apresentados nesta quinta-feira, 5 de maio, no Rio de Janeiro (RJ). De acordo com Marina Grossi, presidente do CEBDS, foram colhidas várias sugestões de todas as camadas da sociedade para ver de que forma elas poderiam ser implementadas. "O país precisa de soluções viáveis e concretas. Tivemos a preocupação de ver o momento em que o país está, de poucos recursos e como fazemos as coisas virar nesse sentido", explica.

O primeiro estudo, apresentado por Gustavo Pimentel, da Sitawi, mostra o panorama atual da matriz brasileira, que aponta que nos próximos 10 anos metade dos investimentos em energia serão direcionados para as fontes renováveis. Atualmente o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social concentra grande parte dos financiamentos. Pimentel acredita que há soluções de baixa complexidade e custo que poderiam destravar investimento no curto e no médio prazos. Ele dá como sugestão a criação de um Fundo de Investimentos em Energias Renováveis, que possibilitaria a diversificação de fontes. Esse fundo seria regulamentado como debêntures de infraestrutura, o que lhe permitiria isenção fiscal para pessoas físicas.

Pimentel também sugeriu a criação de Green Bonds, que funcionariam como títulos de dívida convencionais, mas que seriam usados no financiamento de projetos que reduziriam os impactos das mudanças climáticas e teriam impacto ambiental positivo. Um fundo de hedge privado também permitiria mobilizar mais capitais privados, reduzindo custos de dívidas em moeda estrangeira. Ele também revelou que o ministério da fazenda teria demonstrado interesse em aplicar um indexador alternativo para projetos de energia renovável, saindo do IPCA.

O outro estudo, sobre eficiência energética, apresentado por Rafael Kelman, da PSR. Salientando que o trabalho teve grande envolvimento da consultoria, ele mostrou que temas como a iluminação pública começam a ser trabalhados e devem ser tratados como prioritários. Segundo ele, a troca das lâmpadas atuais por equipamentos de LED economizaria cerca de 50% de energia. Em um ranking de eficiência energética das 16 maiores economias do mundo, o Brasil está na penúltima posição.

Kelman lembrou na exposição do estudo que outra ação prioritária é a de modernizar o parque de motores do Brasil. Eles têm uma vida útil muito longa, de cerca de 15 anos. Em países da Europa ela é de cinco anos. As mudanças de hábitos dos consumidores também foram relacionadas. "Aumentar a eficiência energética é mais barato que investir na expansão através de qualquer fonte energia nova”, concluiu. A recente alteração na na lei de eficiência energética que altera o destino dos recursos poderá dar um novo fôlego ao Programa Nacional de Conservação de Energia, que necessitava de mais recursos. Um terceiro estudo, de mobilidade e energia, está em fase de elaboração final e também será apresentado pelo CEBDS para as autoridades.