Um dos menores países do continente americano, El Salvador, lançou uma licitação para promover a contratação de energia eólica e solar fotovoltaica que deverá somar investimentos de cerca de US$ 300 milhões. A meta do governo local é ter em operação 150 MW de potência instalada das duas fontes até fevereiro de 2020, sendo 100 MW da solar fotovoltaica em projetos espalhados pela costa do país, que é voltada para o Pacífico, e 50 MW também na faixa costeira e em uma região no interior. Locais estes definidos de acordo com o estudo prévio desenvolvido pelo país. Esse volume, apesar de tímido quando comparado ao Brasil, representa quase 10% dos 1.659,6 MW de capacidade instalada de que dispõe atualmente.
O governo Salvadorenho quer atrair investidores privados para a construção desses empreendimentos e procura, entre outras empresas, por companhias brasileiras, principalmente pela experiência nacional com a energia eólica e a atração de toda a cadeia de fornecimento que se instalou por aqui. “Consideramos o Brasil por conta de sua experiência no setor eólico, já que tem a tecnologia desenvolvida que é boa e toda a indústria de fornecimento instalada”, afirmou o adido Comercial e de Turismo do país no Brasil, Vladimiro Novoa.
Segundo o representante do país centro americano o governo salvadorenho está se preparando para uma fase de desenvolvimento com base em operações logísticas, uma nas imediações do aeroporto internacional e outra em um porto em La Unión, no sul do país e que tem capacidade de receber alguns dos maiores cargueiros do mundo. Em ambas as regiões é planejada a formação de uma zona franca para a transformação de produtos manufaturados. Como consequência, a expectativa é de aumento da demanda por energia. No ano de 2015 a demanda máxima de potência no país ficou em 1.089 MW.
“Somos uma economia de serviços de transformação de produtos finais para mercados próximos como Estados Unidos, Chile, México e Colômbia. A matriz de energia é hidrelétrica cuja a vida útil desses empreendimentos está próxima de apresentar ineficiência, influenciada pela ação do homem, pelas mudanças climáticas e sedimentação das bacias, bem como a alteração do regime de chuvas”, comentou ele, que acrescentou ainda que esses fatores representam riscos para o investimento.
O país quer aproveitar ainda as vantagens que possui em função de acordos de livre comércio que tem com grandes centros consumidores como o dos Estados Unidos e o México. A transformação de produtos quando feita em El Salvador poderia acessar esses dois mercados sem taxas de importação, um fator que não existe, por exemplo, na relação entre Brasil e os Estados Unidos.
Além disso, disse Novoa, com esse avanço sobre as renováveis, a meta é complementar e mudar a composição de sua matriz energética. Da capacidade de geração a maior parcela, quase 995 MW, ou 60% do total, é composta por hidrelétricas que são mais antigas. O restante tem como fontes a geotermia (12%) – esta fonte ainda é utilizada para a exportação de energia para a vizinha Guatemala – e os 28% remanescentes, ou algo próximo a 464 MW por térmicas que utilizam óleo pesado para a geração de energia.
Os recursos para a disputa já foram pré-aprovados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento e por um fundo de desenvolvimento outorgado pelos Estados Unidos. E ainda, os contratos serão firmados diretamente com as sete distribuidoras que atuam naquele país, já sendo determinado o percentual que cada uma tem direito.
A operação dos projetos solares fotovoltaicos está prevista para ser iniciada em 1º de fevereiro de 2019 e para a eólica o início será um ano depois. Segundo o cronograma da licitação, que foi lançada pelo país nesta quinta-feira, 5 de maio, a abertura dos envelopes com as propostas financeiras ocorrerá em 17 de novembro. A publicação da adjudicação da licitação ocorrerá entre 3 e 6 de dezembro e a assinatura dos contratos está prevista para o período entre 7 de dezembro e 1º de fevereiro de 2017.