A nova lei promulgada nesta semana que permite a alteração dos destinos dos recursos do Programa de Eficiência Energética vai ser benéfica para o Programa Nacional de Conservação de Energia. A expectativa é que ele receba 20% dos recursos, estimados em cerca de R$100 milhões por ano. Esse aporte vai ser capaz de revigorar o programa, que atualmente se encontra apenas pagando os seus custos, sem grandes investimentos. "Ele vai se beneficiar bastante, deve ser revigorado, com mais campanhas de conservação e mais informação ao público", explica Rafael Kelman, da PSR.
Segundo Kelman, o Procel já efetuou bons trabalhos nesse campo, mas ainda tem muito a crescer no âmbito de compartilhar conhecimento sobre eficiência energética com os consumidores. Existe dificuldade na assimilação das informações do selo. O entendimento da população brasileira é baixo para o tema eficiência energética. Tomando como base países como os Estados Unidos, que tem o selo Energy Star, lá o consumidor se permite tomar decisões mais acertadas por ter maior compreensão sobre o tema. Naquele país, ele conta que o programa de eficiência local oferece no seu sítio uma gama variada de informações e melhores práticas, ainda não disponibilizadas no Brasil.
Ainda há um grande espaço para ações de eficiência energética no país e sem o foco usual dos programas que muitas vezes centram na figura do consumidor residencial. Kelman explica que mesmo grandes empresas, que compram energia do mercado livre, apresentam ineficiência. "Se for para a média e pequena empresa, é muito maior no grau. O Procel tinha que atingir a pequena indústria e o Senai", avalia Kelman.
A PSR apresentou nesta semana estudo feito a pedido do Centro Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável em que apresentava ações que poderiam ser feitas em 15 anos, para que o país alcance a meta de 10% de eficiência que se comprometeu em acordo internacional. Tecnologias mais eficientes, adoção de políticas públicas e estímulos tarifários são os caminhos, segundo o estudo. Foram ainda criados cenários com metas de 15% e de 20%, mais ousados. Embora ousada, a meta de 20% não é inexequível, já que a União Europeia tem meta de 27% e já parte de um patamar bem superior ao brasileiro. O primeiro cenário traria uma redução de 10% na emissão de gases de efeito estufa, um recuo de 17% na tarifa paga pelo consumidor, 24% nos custos de operação e 42% nos investimentos para expansão da geração, o que dá uma economia de R$ 58 bilhões até 2030.