Com o objetivo de continuar desenvolvendo novos produtos e ser um alavancador de negócios, o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia fechou uma parceria com a XP Investimentos para negociar contratos financeiros de energia. A XP Investimentos, desenvolvedora do produto, será a responsável pela sua comercialização e registro junto a Cetip, empresa integradora do mercado financeiro. A BBCE, segundo o presidente da empresa, Victor Kodja, entra como um aglutinador das negociações com a sua tecnologia.
"A gente vai explorar muito essa parceria, trazer para o mercado de energia participantes que hoje não podem entrar porque o mercado que existe é físico, com a compra de energia e registro na CCEE", apontou o executivo em entrevista à Agência CanalEnergia. Ele explica que o contrato continua sendo bilateral e dá a oportunidade à pessoas que hoje não participam do mercado livre, que não são agentes da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, comprar e vender energia com liquidação financeira, que pode acontecer semanalmente ou mensalmente, dependendo do produto.
"O preço é estabelecido, vai até a data de vencimento e faz a liquidação com a contraparte sem a necessidade de entrega e compra e venda de energia. É só uma liquidação financeira, uma liquidação por diferença de preços", explicou Kodja. Segundo ele, o preço de referência é o Preço de Liquidação das Diferenças. "Com isso, os interessados, e não só o pessoal da área de energia, mas de outros setores, principalmente instituições financeiras, podem entrar e vender, sem precisar fazer a execução. Ele vende o contrato e faz o acerto por diferença de preço. Não precisa ser o usuário daquela energia", diz.
O executivo contou que estão sendo feitos os últimos testes na plataforma e neste mês ela já deverá aceitar esse tipo de negociação. Na plataforma terá uma aba, separada dos outros produtos da BBCE, para a liquidação financeira. Atualmente, os 18 sócios do BBCE são responsáveis por 25% do volume negociado no Ambiente de Contratação Livre. Porém, neste meio, como os negócios são físicos, ou seja, são vendidas e adquiridas quantidade de energia, o número de participantes no mercado acaba ficando limitado.
Kodja explica que no Brasil, hoje, o giro médio de contratos no ACL está em 2,5 vezes, segundo dados da CCEE. No exterior, esse valor chega a oito vezes. Se o Brasil conseguir alcançar a média de giro de contratos que acontece na Europa e nos Estados Unidos, esse mercado pode movimentar cerca de R$ 188 bilhões por ano. "Isso é um movimento muito grande, que só é possível tendo um mercado financeiro forte. Mas não é o que a gente entende que vai acontecer tão breve", avaliou. Para ele, se o giro médio dos contratos dobrar de tamanho, passando para 4 ou 5 vezes, já será uma grande vitória.