A CPFL Energia considera que o preço de R$ 2,8 bilhões para a venda da Celg-D, a primeira distribuidora que poderá ser privatizada do sistema Eletrobras, deverá ser revisto pelo novo governo. A companhia acredita que o processo de venda da empresa goiana deverá continuar e que não há sinais de que será revertido pela nova administração federal, que assumiu o comando na última quinta-feira, 12 de maio. Mas o preço tende a ser menor que o previsto.
“O preço tem um erro, sem dúvida, é só comparar os múltiplos em relação à base e se consegue ver que há um equivoco”, afirmou o diretor presidente da CPFL, Wilson Ferreira Jr., em teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados do primeiro trimestre de 2016.
Em sua avaliação, a mudança de governo não deverá mudar a orientação de venda. Aliás, a percepção é de que essa medida deverá se intensificar nos próximos meses, ainda mais se não se quiser aumentar tributos. A venda de ações de empresas é o caminho para buscar recursos sem a elevação de impostos. E, destacou o executivo, esse caminho pode trazer benefícios ao consumidor uma vez que o setor privado já se mostrou mais eficiente que qualquer estatal.
Ferreira Jr. continuou a destacar que o novo governo deverá atrair o investimento ao setor, que é o sinal mais importante que a economia está revertendo a tendência de queda. E ainda, que há uma agenda importante para que se demonstre que há segurança jurídica e regulatória e que vem do aperfeiçoamento das condições para os leilões. Ele reconhece ainda que já houve avanços no ano passado, lembrando que para o setor de transmissão houve a definição das indenizações referentes aos ativos conhecidos como RBSE.
Outro ponto defendido pelo executivo é de que deve haver o aprimoramento das regras de licenciamento ambiental, mas sem deixar de lado o cuidado com o meio ambiente. “Estou bastante otimista com isso”, resumiu.
Ele ainda disse que as regras referentes a ativos que não saíram do papel como diversas obras de geração e de transmissão devem passar por uma correção e por um processo mais simples de cancelamento da concessão, até porque atrair novos interessados por esses ativos evita atrasos e consequências graves para o setor elétrico.
Questionado sobre os ganhos que a CPFL poderia ter com a regra que permite o agrupamento de áreas de concessões, Ferreira Jr, afirmou que em um primeiro momento os ganhos seriam mais relacionados a processos e com volumes financeiros classificados como marginais porque simplificariam e reduziriam a parte burocrática da concessão. Segundo ele, a empresa está avaliando as alternativas criadas com a regra e essas opções serão levadas ao conselho de administração em reunião no mês de junho.