A Light está otimista quanto ao pedido de revisão tarifária extraordinária feito em fevereiro à Agência Nacional de Energia Elétrica. De acordo com a presidente da companhia, Ana Marta Veloso, a distribuidora teve reuniões com técnicos da Aneel e o pleito atualmente encontra-se em processo de análise.

A grande diferença do pleito da Light em relação a outros pedidos já feitos por outras distribuidoras, na opinião da executiva, é que a empresa está pedindo uma revisão extraordinária completa. "Estamos pedindo uma adesão às regras vigentes no novo ciclo de revisão tarifária e a implementação de todas elas para a Light ainda no ano de 2016", contou. Ana Marta explicou que isso traz vantagens para a concessionária na medida em que estaria sendo reconhecido agora alguns investimentos importantes realizados nos últimos anos, principalmente relacionados às obras olímpicas. A empresa passou pela última revisão tarifária no final de 2013 e a próxima será apenas no fim de 2018.

"A gente estaria reconhecendo na base agora os investimentos que foram feitos e também, com as novas regras, estaria migrando do 5º de nível de complexidade para o 2º nível de complexidade entre as distribuidoras do Brasil", apontou a executiva. Essa migração, explicou, permitiria um nível de perdas regulatórias mais alto, subindo de 30% de reconhecimento das perdas no Ebtida para 34%, e também o aumento no percentual das receitas irrecuperáveis, que subiria de 0,9% para 1,2% da Receita Bruta. "A gente não tem maiores novidades nesse fronte, mas o simples fato da Aneel não ter negado nosso pleito, a gente entende que já é uma boa notícia", analisou.

As perdas totais da empresa voltaram a ter um viés de alta, passando de 22,7% em setembro de 2015 para 23% em dezembro e 23,2% em março de 2016. As perdas não técnicas sobre o mercado de baixa tensão também subiram de 39,91% em março de 2015 para 43,69% em março de 2016. A meta estabelecida pela Aneel para a concessionária é de 38,33% em agosto deste ano.

PDV – Com o objetivo de reduzir custos com PMSO – Pessoas, Materiais, Serviços e Outros -, a Light lançou em abril um Programa de Desligamento Voluntário. Ana Marta comenta que para aderir ao programa foram definidos alguns critérios: o funcionário precisa ter mais de 55 anos, ser elegível a aposentadoria e ter mais de dez anos de empresa. "Conforme as rescisões forem ocorrendo, entre maio de 2016 e maio de 2017, os valores serão refletidos na queda de [gastos com] Pessoal. Estimamos que esse PDV trará uma redução estrutural do nosso gasto de pessoal da ordem de R$ 27 milhões por ano, que significa hoje 8% dos gastos com pessoal", destacou.

De acordo com a presidente, outras medidas de gestão serão adotadas objetivando a redução nos gastos, como a renegociação dos contratos de materiais e serviços, um maior controle no fluxo de materiais e um redesenho das ações de campo. "A título de exemplo, estamos realizando mutirões onde atuamos com diversas equipes numa mesma localidade buscando com isso maior eficiência operacional", disse.

No primeiro trimestre do ano, a Light investiu R$ 212 milhões, principalmente, em combate às perdas, manutenção corretiva da rede e ligação de novos clientes. "Destaque de R$ 27 milhões que foi investido dentro do nosso programa de garantir a confiabilidade do sistema elétrico da nossa área de concessão durante os Jogos Olímpicos", apontou. Além disso, a empresa também aportou R$ 42 milhões em Belo Monte, em linha com o que estava previsto no orçamento.

Ana Marta reafirmou o interesse da Light na venda de sua participação na Renova, mas disse que ainda não existem novas negociações. Na última semana, a companhia aprovou um aporte de R$ 40 milhões na geradora referente a uma chamada feita em fevereiro. "Entendemos que a Light, como participante do bloco de controle da Renova tem o compromisso de preservar a qualidade do ativo enquanto não encontrarmos comprador para a nossa posição", comentou. Ela disse ainda que após a homologação do aumento de capital da Renova, que deve ocorrer até o final de junho, a participação da empresa na geradora sofrerá uma pequena redução, passando de 15,9% para 15,7%.