O próximo modelo de negócio da Cesp ainda está indefinido. A empresa, que perdeu 75% de sua capacidade de geração com o final das concessões das UHEs Ilha Solteira e Jupiá, estuda os próximos passos a seguir com base em um estudo elaborado pela consultoria Bain e que está à mesa do conselho de administração. O atual momento do setor elétrico e da economia do país é um dos entraves para a definição de qual caminho seguir diante das opções mapeadas e que passam desde novos investimentos em geração, privatização ou fusão.
Essas opções foram apresentadas na última reunião do conselho da estatal paulista e o tema ainda está em pauta para ser discutido no próximo encontro dos membros. Mas, na avaliação do presidente executivo da Cesp, Mauro Arce, a perspectiva é de que as discussões acerca do tema deverão se prolongar.
“O momento é complicado, o programa de privatização não foi extinto, mas não há nada concretamente colocado, não houve interessados no passado e cada ano fica mais próximo o final da concessão da UHE Porto Primavera que é em 2028, mas antes disso em 2020 e 2021 temos ainda o vencimento das duas outras concessões de usinas menores”, comentou ele em teleconferência sobre os resultados do primeiro trimestre da estatal.
O diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Cesp, Almir Martins, lembrou que o trabalho da consultoria apontou entre as alternativas o crescimento da empresa por novos investimentos. Nesse sentido a empresa possui duas frentes, a de investir em PCHs e sistemas solares fotovoltaicos. Este último ainda há apenas estudos, contudo uma importante parte que é a questão dos terrenos está disponível para essa finalidade. “Estamos discutindo preliminarmente, mas não temos definição do conselho”, acrescentou.
Já em termos de PCH, fonte prioritária para a geradora, houve uma mudança de metodologia que atrasou o processo de uma usina no rio Pardo que a companhia vinha desenvolvendo. Recentemente, comentou ele, a Aneel exigiu que a geradora substituísse o inventário que era mais antigo por um novo, de acordo com metodologia diferente da aplicada pela empresa. Com isso, a Cesp estima que houve um atraso de seis meses no cronograma de investimento nessa central de geração. Atualmente a companhia está contratando nova prestadora de serviço para realizar o inventário do rio.
“Teremos o potencial do rio Pardo inteiro não somente da PCH e isso deve demorar mais seis meses e apesar desse inventário a nossa expectativa é de que o eixo da barragem fique no mesmo local. Isso vai atrasar bastante o processo”, alfinetou. A Cesp, acrescentou, possui discussões em várias PCHs, inclusive com propostas de outros agentes mas não há ainda nenhuma definição.
Em complemento, Arce destacou que em qualquer caso de novo investimento a Cesp manteria sua posição como acionista minoritário em SPE. Quanto a solar fotovoltaica a empresa analisa ainda o escoamento e a transmissão além de buscar parceiros para a empreitada. E ressaltou ainda que enquanto as definições não chegam a companhia coloca em prática a parte da reorganização que é possível adotar e que passa pela redução dos custos gerenciáveis em todas as áreas.