Com o custo de energia para a indústria aumentando 700% nos últimos dez anos e uma queda crescente no Produção Industrial, os grandes consumidores de energia também querem o debate sobre mudanças no modelo do setor. Camila Schoti, gerente de energia da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industrias de Energia, pede mais transparência em temas como a Conta de Desenvolvimento Energético e o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico. "Existem oportunidades de aprimoramento da governança. Temos que repensar o modelo, dando a oportunidade para refletir", explicou ela, que participou nesta quarta-feira, 19 de maio, do Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico, no Rio de Janeiro (RJ).
 
Para a gerente da Abrace, a CDE é uma das maiores preocupações do setor. Ela vê espaços para ganhos de eficiência nessas despesas, que devem chegar a R$ 20 bilhões. A gestão da conta, feita pela Eletrobras, não fornece informações satisfatórias, embora o órgão regulador venha tomando medidas mais efetivas de fiscalização. Ela cita ainda a interligação de Manaus ao Sistema Integrado Nacional, que trazia a perspectiva de redução da conta de consumo de combustíveis, o que acabou não se concretizando.
 
Já no CMSE, ela pede mais transparência nas reuniões, com a participação dos agentes. As atas também devem ser mais completas, contando com mais dados e ficando similares as do Conselho de Política Monetária do Banco Central. "Por que estavam sendo despachadas térmicas de R$ 600/MWh em janeiro? O consumidor quer saber", indaga.
 
Ela também elogiou a habilidade do antigo secretário-executivo da pasta, Luiz Eduardo Barata. Ela acredita que o presidente da Abrace, Paulo Pedrosa, que vai suceder a Barata no cargo, vai continuar com o diálogo com as associações. "Pedrosa entende do setor, é extremamente qualificado", aponta.