Na onda de mudanças no modelo do setor que vem sendo sugeridas pelos agentes do setor, a Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas quer alterar o conceito de energia de reserva. De acordo com o presidente da associação, Xisto Vieira, esse tipo de energia não é despachado e só pode ser usada em condições a serem definidas. "A reserva está sendo adotado com objetivo diferente. Ela está sendo usada como cobertura de garantia física", explica Vieira, que participou nesta quinta-feira, 19 de maio, de painel no Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico, no Rio de Janeiro (RJ). Ele dá como exemplo de energia de reserva uma térmica de CVU elevado, que só seria despachada em condições de necessidade. O presidente espera que nos próximos meses a Abraget apresente a proposta.
No painel foi destacada a importância da fonte térmica na matriz. A consideração das externalidades da fonte e mais medidas de viabilização foram pedidas. Vieira defendeu a realização de leilões por tipo de fonte e por submercado. Ele ressaltou ainda a necessidade de colocar usinas térmicas na base, uma vez que a sua operação nesse modo contribui de modo efetivo para a normalização eficaz dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas. "Térmica flexível é excelente para segurar o sistema quando há o despacho na ordem de mérito, mas quem vai recuperar os reservatórios das hidrelétricas são as chuvas ou geração na base" avisa. Segundo ele, o setor precisa de mais térmicas na base e térmicas de CVU mais alto e transformar em energia de reserva", explicou. Estudo pedido pela associação mostrou que com 2.000 MW térmicos na base se gera o equivalente a uma usina de Furnas.
Sobre as dificuldades que alguns agentes vêm enfrentando para colocarem os seus projetos em construção, Vieira vê que a sistemática dos leilões não vem pedindo compromissos por parte dos agentes e que muitos vêm se arriscando, ganhando no certame e pretendendo viabilizá-lo depois. Ele condena esse tipo de operação, porque a comprovação e consequente penalização por parte do órgão regulador para a não viabilização do projeto não é imediata.
Com a possível decisão da Petrobras de vender seus terminais de GNL, o presidente da Abraget espera que o eventual comprador mantenha o nível de competência apresentado pela estatal na operação dos terminais. A empresa vem buscando vender ativos para melhorar seus resultados financeiros. O GNL vem se mostrando como a solução no curto e médio prazo para viabilizar térmicas a gás. Para Vieira, uma usina GNL na base para o sistema é mais barata que uma GNL flexível, porque o fornecedor vai fazer um preço mais em conta por ter o despacho contínuo, com R$ 320/ MWh sendo um preço com grande capacidade de contratação.
Ele considera a questão da sobrecontratação das distribuidoras com um tema importante. Para Vieira, a recuperação da economia traria uma subida rápida na demanda e que a sobra de energia não se comprovaria na totalidade devido ao atraso na conclusão. "A sobra é contratual, mas na parte física não é bem assim", avisa. Ele pede a criação de um mecanismo para quem tem a energia poder vendê-la na totalidade.