A Associação Brasileira de Energia Eólica está preocupada com a contratação da fonte neste ano. Segundo a presidente executiva da Abeeólica, Elbia Gannoum, a cadeia industrial estabelecida no Brasil está estrutura para atender um volume de contratação de 2 GW por ano e a interrupção desse ciclo poderia comprometer a permanência dessa indústria no país, que hoje emprega 15 pessoas para cada 1 MW instalado.
Com uma economia em recessão e inflação em alta, o consumo de energia elétrica no Brasil reduziu drasticamente desde 2015. Essa retração no consumo, que deve demorar para se recuperar, reduz a necessidade de contratação de novas usinas, o que compromete o desempenho dos leilões de geração. No primeiro leilão de geração realizado neste ano, houve a contratação de apenas 278,5 MW médios, o menor nível de compra em um leilão do tipo A-5 desde 2009, quando a economia brasileira estava impactada por uma das piores crises financeiras no mundo.
"Nós criamos essa cadeia e essa cadeia que não pode ser interrompida. Se eu não der sinal de investimento nesse ano para contratação, as fábricas que trouxemos para o Brasil vão embora e elas não voltam amanhã. Infraestrutura não é decisão de curto prazo", disse Elbia durante participação no 13º Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), realizado nesta quinta-feira, 19 de maio, no Rio de Janeiro.
De 2009 até 2015, o Brasil contratou 15,2 GW em usinas eólicas, uma média de 2,17 GW por ano segundo ABEEólica. O Brasil já é o décimo país do mundo em capacidade instalada da fonte, com 9,5 GW em operação. No ano passado, o setor movimentou investimentos da ordem de R$ 20 bilhões, o que colou o Brasil na quarta posição entre as nações que mais investiram em energia eólica no mundo, atrás de gigantes como a China e os Estados Unidos.
A esperança da continuidade dos investidores em energia eólica no Brasil está nos leilões de energia de reserva. Para este ano, estão agendados dois leilões do tipo, um no dia 29 de julho, com solar e pequenas hidrelétricas, e outro em 28 de outubro, com solar e eólica. "O leilão de reserva foi feito para isso, para garantir a segurança do setor elétrico e para garantir uma cadeia que não pode ser interrompida", reforçou Elbia. Este ano, devem entrar em operação um total de 2,85 GW em parques eólicos e mais 2,3 GW em 2017.