O grande assunto em distribuição do ano é a sobrecontratação de energia por parte das distribuidoras. A Cemig-D afirmou nesta terça-feira, 24 de maio, que diferentemente de outras concessionárias do país está em situação confortável e dentro da meta de contratação onde é possível repassar todos os acordos para a tarifa do mercado cativo. A empresa indica que atualmente está com 105,4% da demanda contratada.
O otimismo da empresa se dá com a projeção de crescimento do mercado no atual patamar que poderá absorver essa parcela de 0,4% que ainda resta. E ainda, há contratos com geradoras cujos empreendimentos estão atrasados e que não ficarão prontos a tempo, reduzindo a sua contratação a 101% da demanda.
Na avaliação da Cemig-D em apresentação durante o XXI Encontro Anual Cemig-Apimec, o pico da sobrecontratação deverá ocorrer em 2019, ao se considerar as atuais premissas de consumo. Segundo os cálculos da distribuidora mineira, há um excesso de 14% em contratos, ainda assim, um patamar bem abaixo da média brasileira para o período que é de 20%. Na avaliação do diretor Comercial da Cemig, Evandro Vasconcelos, a situação ainda poderá se reverter caso a economia inverta a sinalização atual, afinal, “essa projeção leva em conta índices conservadores de crescimento do PIB”, disse o executivo. Mas defendeu que esse situação da sobrecontratação no Brasil, em geral, é preocupante e insuportável por parte das distribuidoras.
Em relação aos preços de energia nos próximos anos a Cemig afirma que é hora de fechar acordos pelo maior prazo possível. Isso porque os valores do insumo no mercado livre estão em cerca de R$ 130/MWh, comparável apenas a dois momentos de baixa nos preços, o primeiro quando foi criado o mercado livre no formato atual e no pós crise de 2008. Em ambos os momentos o valor atualizado estaria nessa faixa de preços.
Além disso, um ponto importante para essa avaliação é o atual nível dos reservatórios que estão na faixa de 50% o que índica que o país ainda está na dependência da próxima estação de chuvas. Se essa vier mais seca, os preços rapidamente se elevarão já para 2017 e daí para os próximos anos.
Guidance – Ainda no evento desta terça-feira a Cemig apontou as projeções de mercado, resultados operacionais e investimentos para o período até 2020.
Na Cemig-D, a expectativa de mercado é de queda de 0,5% neste ano e chegando a 2020 com crescimento médio na casa de 2,5%. Os investimentos previstos no período deverão somar R$ 6,458 bilhões. A faixa de desempenho operacional deverá se situar este ano entre o mínimo de R$ 1,173 bilhão a R$ 1,448 bilhão e em 2020 a projeção é de elevar esse valor a R$ 1,277 bilhão na faixa mais baixa e R$ 1,578 bilhão como patamar máximo.
Na Cemig-GT, as premissas são de crescimento médio de mercado de 1,7% ao ano entre 2017 e 2020, preços médios de R$ 192/MWh em 2016, variando ao longo do período entre R$ 194/MWh em 2018 e R$ 177/MWh em 2020. Os investimentos projetados nessa área deverão somar R$ 4,992 bilhões e o resultado operacional no mínimo de R$ 1,333 bilhão a R$ 1,568 bilhão em 2016 e 2020, respectivamente e no máximo entre R$ 1,646 bilhão e R$ 1,937 bilhão nesse mesmo período.
A holding projeta encerrar o período com a sua alavancagem em um patamar menor que 2,5 vezes a relação entre a dívida líquida e o ebitda, cuja projeção mínima é de R$ 4,357 bilhões e a máxima de R$ 5,3382 bilhões em 2020.