A Eletrobras deve apresentar proposta de acordo coletivo a seus trabalhadores na próxima quarta-feira, 8 de junho, na segunda rodada de negociações da campanha salarial 2016/2017. A informação foi dada por um representante do Ministério de Minas e Energia ao presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Energia, Água e Meio Ambiente, Eduardo Annunciato, o Chicão. “Ele disse que não poderia passar um número, mas o Dest [Departamento de Coordenação e Governança das Empresas Estatais, órgão do Ministério do Planejamento] já está fazendo cálculos no sentido de passar uma proposta”, informou Annunciato.
Em processo de negociação salarial, servidores da Eletronorte em Brasília e no norte do país e de Furnas, no Distrito Federal, paralisaram as atividades por 24 horas no último dia 23 de maio. Segundo o Sindicato dos Urbanitários do DF, a decisão foi em protesto contra o cancelamento pela Eletrobras de reunião marcada o dia 25 do mês passado.
A Fenatema, que representa trabalhadores da área de geração de Furnas, servidores da Eletronuclear e parte dos funcionários da Eletrosul, agendou assembleias para o dia 9, quando será avaliada a contraproposta da Eletrobras. Se não houver uma proposta de acordo, ou ela ficar muito aquém do esperado pela federação, a categoria pode votar a paralisação das atividades nos dias 14 e 15.
As reivindicações de trabalhadores da estatal foi um dos temas do encontro do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, com sindicalistas ligados a Fenatema, Federação Nacional dos Engenheiros, União Geral dos Trabalhadores, Força Sindical, Nova Central Sindical dos Trabalhadores e Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria. A reunião aconteceu, no último dia 1º, quando os sindicalistas solicitaram a Coelho um entendimento com a Eletrobras em relação ao pagamento da Participação nos Lucros e Resultados, constante do acordo coletivo homologado em 2015 pelo ministro Ives Gandra Martins, do Tribunal Superior do Trabalho. Eles pediram que a parte que não for controversa do PLR – das empresas que cumpriram as metas – seja paga imediatamente, conforme previsto no acordo do ano passado. E, o que for controverso, se discuta depois.
O ministro foi direto ao ser questionado pelos sindicalistas em relação à privatização de subsidiárias da estatal. Ele respondeu que existem ativos da Eletrobras dando prejuízo há muito tempo, e entende que devem, sim, ser privatizadas as distribuidoras do grupo, e também as participações em Sociedades de Propósito Específico que não têm dado bons resultados. “Argumentamos que vai ter reação, porque o histórico das privatizações não é bom. Ele disse que entende o ponto de vista ideológico, mas nada vai ser discutido de afogadilho”, relatou Annunciato. O presidente da Fenatema disse, porém, que o ministro defende que as grandes empresas do grupo nas áreas de geração e transmissão continuem na mão do Estado, com uma gestão enxuta e sólida.
Houve reivindicações também em relação aos 1.330 trabalhadores contratados de Furnas, que não fazem parte do quadro de concursados da empresa e terão de ser demitidos por determinação do Ministério Público. A sugestão ao ministro é de que seja criado um quadro suplementar, extinto gradualmente à medida em que esses funcionários deixarem a empresa ou se aposentarem. “São trabalhadores com conhecimento técnicos, alguns com mais de 20 anos de casa”, argumentou Annunciato.