A brasileira RJCP, um fundo de investimentos formado em 2011 para investir em startups no Brasil e Estados Unidos, assumiu o controle da Building Energy, empresa fundada na cidade de Portland (EUA), resultado da divisão de uma companhia de engenharia naquele país, que possui plataforma de análise de big data para aplicação em eficiência energética. A participação da companhia nacional era inicialmente de 12,5% e agora aumentou para 70% com a saída de um investidor majoritário. Agora, o próximo passo é o de chegar ao Brasil e iniciar as operações em parceria com grandes grupos.
De acordo com Marcelo Bastos, sócio da RJCP e membro do conselho de administração da Building Energy, a expectativa é de até o final deste ano ter parceria firmada com algum grande grupo de geração e distribuição para implantar a plataforma de análise, que foii idealizada e desenvolvida nos Estados Unidos pelo atual CEO da Building Energy, Erik Larson, que é também o outro sócio da empresa.
“Estamos montando o time no Brasil e conversando com pessoas que podem ajudar na criação e parcerias com geradoras e distribuidoras”, comentou Bastos em entrevista à Agência CanalEnergia. “Nos Estados Unidos tivemos essa parceria com o Departamento de Energia que nos deu um impulso forte e proveu a nossa plataforma com uma massa de dados de consumo de 1,3 milhão de prédios naquele país, o que nos proporcionou a análise de big data e outras sistemáticas que temos hoje. Agora precisamos de dados no Brasil e um grupo grande de energia traria essa oportunidade e assim nacionalizarmos o nosso software”, explicou ele.
Segundo Bastos, já há conversas preliminares com dois grupos, mas que a meta da empresa não se restringirá apenas a esses, e, se for possível, planeja encontrar mais parcerias. Em sua avaliação essa busca é melhor para a base de dados que poderá comparar mais informações. A plataforma, disse ele, tem capacidade de analisar e projetar a demanda e oferta de energia para o planejamento das empresas, por isso, a companhia acredita que além de geradoras e distribuidoras, a ferramenta poderá se encaixar em comercializadoras de energia.
O início do negócio que originou o investimento do fundo na empresa norte americana se deu em 2013. A RJCP foi procurada para fazer aporte de US$ 50 mil em projeto de eficiência energética em uma rede de supermercados em São Paulo. Esse investimento nem foi consumado e surgiu a ideia de consolidar a iniciativa em uma nova companhia especializada em eficiência energética pois havia um mercado potencial que somente nos Estados Unidos é estimado em US$ 50 bilhões.
Por lá a empresa tem duas plataformas, uma que atende o governo e outra o mercado privado e prestadores de serviços de eficiência energética. Nesse primeiro segmento a Building Energy já atende a prefeituras como a de São Francisco onde se adotou um padrão de consumo por lei. No banco de dados da empresa estão dados de cerca de 10% dos prédios da cidade californiana. Além disso, o sistema atua na identificação de oportunidades de retrofit em prédios tendo como benchmark o perfil de consumo de edificações semelhantes que auxiliam no alcance de uso mais eficiente da energia.
No Brasil, lembra Bastos, a legislação referente a programas de eficiência energética conta com a destinação de 0,5% da receita das distribuidoras de energia, o que daria um mercado potencial na casa de alguns bilhões de reais. Contudo, esse potencial é sub explorado ainda, por isso há otimismo da companhia controladora com o país apesar de ter começado pelos Estados Unidos.
Como todo fundo de investimento, a RJCP aporta os recursos para depois de um período determinado deixar o negócio. Nesse caso, disse Bastos, o cenário é diferente, tanto que a RJCP, com o controle da Building Energy, se vê em uma posição de empresária e não apenas como investidora. Contudo, Bastos não descarta a saída do fundo. Segundo ele, o gatilho para essa saída é o negócio amadurecer e crescer. Para isso não há prazo já que estão com o controle societário. Além disso, a venda depende do interesse de concorrentes. “Isso pode acontecer, normalmente quando uma empresa começa a aparecer com mais destaque o grande player adquire o menor, mas no momento não temos esse plano de vender”, afirmou ele.