A alemã Thyssenkrupp redesenhou a sua unidade Uhde Technologies que passou a se chamar Industrial Solutions que tem na área de processos um dos três focos de atuação ao lado do segmento de cimento e de mineração. A companhia aposta no potencial brasileiro nesses novos negócios que envolvem, principalmente, a transformação de biomassa e de carvão em produtos de maior valor agregado que podem ser usados, inclusive para a geração de energia elétrica.

De acordo com o CEO da Thyssenkrupp Industrial  Solutions, Paulo Alvarenga, o foco da empresa está na biomassa, de uma maneira geral, de bagaço de cana, mas sem deixar de lado aquela de origem celulósica como restos de plantas e madeira de reflorestamento que também apresentam um grande potencial de geração. A empresa é detentora de patentes de diversas tecnologias, conta ele, e pretende atuar no Brasil como uma empresa que fornece desde a engenharia básica a até a atuação como epecista com o fornecimento da tecnologia, que muitas vezes acaba sendo de alcance limitado em caso de outras empresas por ser de outra fornecedora.
“Nosso diferencial é de atuar nas duas pontas, da tecnologia e do processo construtivo”, comentou ele em entrevista à Agência CanalEnergia. “Assim podemos oferecer uma garantia de performance mais comprometida por vender a tecnologia, a execução, engenharia básica, a detalhada e ser um epecista, assim a garantia do processo é mais robusta”, acrescentou.
As estimativas da empresa estão baseadas nos dados de expansão da matriz elétrica. Nesse contexto, acredita que a demanda por projetos possa somar cerca de 700 MW por ano em biomassa. Ele admite que esse volume não e um número tão expressivo quanto o de eólica por exemplo, que vem contratando mais de que média de 2 GW anuais até 2015. Mas, lembra que é uma quantidade importante de projetos para serem desenvolvidos, ainda mais porque grande parte do potencial brasileiro de geração de biomassa está em usinas mais antigas que precisam passar por modernizações.
A divisão que comanda atua na transformação da biomassa com a torrefação em um combustível que classifica como biocarvão, com poder calorífico mais elevado que o carvão mineral existente no Brasil. Além disso outro segmento que começa a apresentar viabilidade econômico financeira é o carvão de síntese como gás natural substituto, tanto para a geração de energia quanto a produção de outros insumos para o setor químico.
“Essa tecnologia já existe há 70 anos, mas está se tornando mais competitiva nos últimos anos com rendimento mais elevado e menor custo”, afirmou. “O custo de produção desse combustível pode ficar em metade do preço de venda do gás natural que temos hoje no Brasil que está em cerca de US$ 12 por milhão de BTUs”, indicou.
Contudo, apesar dessa vantagem, ele explica que essas condições de competitividade não valem para todas as iniciativas, pois é necessário avaliar outros custos como a logística da operação como o transporte do carvão até uma planta de síntese ou a distribuição do gás até a sua unidade de consumo. Outra variável a se analisar na comparação é a qualidade do carvão utilizado, pois o produto nacional apresenta qualidade que pode ir de 40% a 60% de sua formação composta de cinzas.
“Essa não é uma solução que funciona para todos os casos, mas como o GNL é o gás que tem sido o responsável por suprir a diferença entre a demanda e a produção nacional, e seu custo está muito acima dos US$ 12 por milhão de BTUs, a minha solução acaba sendo mais competitiva a depender das condições de contorno dessa atividade como a localização da produção e os custos de logística”, ressaltou.