Com a recente introdução da geração solar fotovoltaica no país, seja por meio dos leilões de geração centralizada ou com a viabilização da geração distribuída com o aprimoramento da resolução Aneel 482/2012, o próximo passo tecnológico que o Brasil deverá seguir é o armazenamento de energia. Com o avanço da tecnologia das baterias e o interesse de um maior número de fabricantes o preço já reduziu cerca de 30% nos dois últimos anos e a tendência é de que esses valores continuem na curva descendente e que o país veja seus primeiros projetos comerciais daqui a dois anos.

A sócia fundadora da Cela, Camila Ramos, explicou que essa queda de preços vista no exterior tem um motivo principal: a Tesla e seu investimento em novas fábricas que irão mais que dobrar a capacidade de produção mundial de baterias. “Com isso, outras empresas estão investindo nesse segmento de negócio como a Panasonic e estão incitando o desenvolvimento de novas tecnologias, pois o que tínhamos era muito antiquada”, explicou a executiva após evento promovido pela Câmara de Comércio Brasil Canadá. “Falar em redução de custo de 30% em dois anos e apenas por conta de uma empresa somente, dá para imaginar agora, com mais concorrentes o que podemos vê de queda de custos de baterias”, acrescentou.
No Brasil, continuou Camila, grandes geradoras e distribuidoras têm se mobilizado para entender qual deverá ser o movimento do armazenamento e estão trabalhando junto ao governo para colocar projetos de P&D nesse momento. Inclusive, comparou, o momento é semelhante com o da solar que foi iniciado com os projetos em estádios e deverá ser algo parecido para o armazenamento, mas em diversos segmentos para que possa ser testado e analisar os impactos. Não será apenas em escala mas em segmentos diferentes e, como na solar, por tecnologia, incluindo a chamada flow batteries, que segundo ela é a que tem recebido mais investimentos no mundo.
Um estudo internacional datado de janeiro, que envolveu diversos autores entre eles, Paul Gardner, DNV GL e PriceWaterhouseCoopers aponta que os custos com armazenamento poderão recuar 70% até 2030. Alguns dos motivos apontados incluem a demanda por esses dispositivos em complemento à solar e eólica. Outra pesquisa, conduzida nos Estados Unidos, apontou ainda que naquele país o custo para o equilíbrio do sistema deverá cair 41% até 2020 ao passo que os preços das baterias recuam.
Aliás, o equilíbrio do sistema elétrico nacional deverá ser uma das maiores oportunidades para o segmento de armazenamento de energia em baterias. Esse cenário vem na esteira do avanço das chamadas fontes intermitentes que ganham cada vez mais espaço na matriz elétrica brasileira. Com o uso de baterias a operação evita que haja picos mais intensos na rede do país que já é instável. Dessa forma, comentou Camila, é possível agregar valor com essa solução, ainda mais nesse momento no qual a tecnologia vem se desenvolvendo e os preços caindo. Contudo, não descarta o uso comum das baterias como fonte de energia para sistemas de geração distribuída em residências ou prédios comerciais com excedente para que seja utilizada no momento em que não há a geração como, por exemplo, à noite.
“Esse é um timing bom por conta do recuo de custos que essa geração de baterias está apresentando”, comentou. “Na Cela nós temos visto maior interesse das empresas mas estão mais voltados para estudos e programas de P&D, não para grande escala, mas em dois anos deveremos começar a ver a implementação de projetos”, estimou.