O dia mundial do vento terá um marco simbólico este ano. Ele é comemorado nesta quarta-feira, 15 de junho, mas antes do final do mês a fonte, que começou a se tornar realidade no pais há seis anos, alcançará 10 GW de potência instalada. E a perspectiva aponta que em metade desse tempo o Brasil verá a duplicação desse volume. Com o que já está contratado e mais o que deverá ser negociado nos leilões de reserva desse ano a fonte deverá chegar a 2019 com pouco mais de 20 GW de potência instalada. Atualmente o país está com 9,77 GW em capacidade instalada em 390 parques.

“Se pegarmos o que já temos contratados, chegaremos a 2019 com 18,7 GW em capacidade e se considerarmos que em 2016 teremos leilão de reserva com a mesma natureza de um A-3, chegaremos em 2019 com 20,7 GW. Minha expectativa é de que consigamos contratar os 2 GW anuais de que a indústria necessita”, afirmou a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Élbia Gannoum. “Levamos seis anos para alcançar os primeiros 10 GW e agora na metade desse tempo poderemos alcançar o mesmo volume”, destacou.
A presidente executiva da ABEEólica destaca ainda que há a necessidade de se contratar energia mesmo com a sobra das distribuidoras. Ela voltou a defender que há um entendimento superficial de que o resultado do último A-5, o menor em termos de volume contratados desde 2009, ocorreu por conta do excesso de contratos com as concessionárias de distribuição. Houve uma falta de visão de médio e de longo prazo além de desconhecimento do planejamento considerando a segurança energética. Até porque a sobra é contratual e não de garantia física o que poderia ser consumida caso vejamos outro cenário hidrológico ruim ou a esperada retomada da economia por mínima que seja.
A expansão do setor eólico é atribuída ao processo de consolidação da fonte e suas características de competitividade. O Brasil, segundo um levantamento da Associação Internacional de Energias Renováveis, divulgado nesta quarta-feira, 15 de junho, se destaca em termos de fator de capacidade médio que até 2014 era, de longe, o mais elevado entre os países avaliados. O Brasil aparecia com índice indicado como acima de 45% enquanto o mais próximo eram os estados Unidos com 35%.
Já o caminho para a terceira parcela de 10 GW na matriz elétrica nacional depende fundamentalmente da política energética a ser adotada. E no atual patamar da compreensão da fonte a tendência é de que se mantenha o crescimento da fonte uma vez que além de sua competitividade possui ainda a característica de ser renovável e limpa em um país cuja a capacidade de geração que era predominantemente hídrica tem se aproximado do esgotamento de seus aproveitamentos. “A eólica, pelo contrário, temos um potencial que é estimado hoje em 500 GW”, indicou a executiva. “Ainda há muito a crescer em termos de demanda uma vez que o consumo per capita no país é baixo e a despeito do cenário econômico de curto prazo no país, há bastante espaço para o consumo aumentar”, avaliou.
Dentre os números que a entidade registra com os quase 10 GW que estão em operação no Brasil estão investimentos de R$ 48 bilhões nos últimos seis anos sendo que R$ 20 bilhões somente em 2015 que levou a criação de 41 mil empregos. O Brasil, segundo o GWEC, foi o quarto país em crescimento da fonte no mundo no ano passado em relação ao volume de capacidade nova instalada com 4,3% de todo o mundo. Perde para a China, Estados Unidos e Alemanha, mas em percentual foi o que mais cresceu.
Hoje, apontou a ABEEólica, 80% da cadeia produtiva está nacionalizada. São mais de 50 geradores e sete fabricantes de aerogeradores já consolidados por aqui além de centenas de fabricantes de peças e componentes.