A aquisição de 100% da AES Sul pela CPFL Energia, anunciada nesta quinta-feira, 16 de junho, pode ser a primeira de uma possível série de alvos da empresa no sentido de consolidar o segmento de distribuição no Brasil. Pelo menos três empresas podem ser objeto de uma avaliação caso haja um processo de oferta ao mercado. Entre elas a CEEE-D no Rio Grande do Sul, a Celg-D e até mesmo a AES Eletropaulo, mas esta em um ponto mais distante.
Segundo o presidente executivo da CPFL Energia, que está de saída, Wilson Ferreira Júnior, dentre os ativos cuja intenção de venda já é público está a Celg-D. O interesse pela possível primeira distribuidora no processo de privatização existe, mas o executivo voltou a destacar que não ao preço que foi divulgado de R$ 2,8 bilhões. Ele lembrou que já havia comentado que há algum erro de avaliação no valor pretendido pelo governo.
“Não conseguimos enxergar como correto [o preço pedido] e nesse momento não participaríamos, mas com mudança das condições avaliaremos a concessão e enfim participaremos”, disse Ferreira Júnior em entrevista coletiva sobre a aquisição da AES Sul.
Outra possível investida pode recair sobre a última grande distribuidora gaúcha, a CEEE-D. Ele admitiu o interesse nessa empresa caso seja colocada no mercado. Esse posicionamento é justificado pelo fato de que a distribuição de energia tem como característica ser um negócio de escala para que se torne mais eficiente. O executivo lembra que o Brasil possui cerca de 63 concessionárias de todos os portes, sendo que poucas são grandes, o que dificulta o alcance de indicadores de qualidade. “Esse movimento da CPFL vai ao encontro da necessidade do segmento de ter escala para ter maior produtividade”, comentou “[A CEEE-D] faria todo o sentido fazer essa aquisição no Rio Grande do Sul”, acrescentou.
O executivo, que transmitirá o cargo que ocupa a André Dorf no início de julho, comentou ainda que o ambiente está mais favorável para transações de fusões e aquisições. E que esse movimento da CPFL é um sinal dessa nova realidade do setor, que está hoje, mais favorável ao comprador do que ao vendedor até porque há empresas com dificuldades no país bem como um processo de venda das empresas da Eletrobrás.
Outra especulação que rondou o mercado recentemente foi que a AES Brasil queria se desfazer da AES Eletropaulo, a maior distribuidora do país em termos de clientes atendidos. Ferreira Júnior admitiu que este seria um outro ativo que faria sentido para a CPFL Energia por estar em área contígua às atuais concessões da empresa, assim como no sul onde a AES Sul está próxima da RGE. Contudo, lembrou, há obstáculos que diferenciam essa negociação fechada e uma hipotética negociação na concessionária paulistana.
“No caso da AES Sul 100% do capital é da AES Corporation e na Eletropaulo, além de ser uma empresa muito maior há um grupo de controle onde apenas um terço é dividido entre a AES e o BNDES e outra parte de 65% está no mercado de capitais”, explicou. “Faz sentido? Sim. Olharemos uma operação dessa? Sim, mas no primeiro caso a venda atendeu a um interesse do grupo e o segundo tem uma estrutura diferente e tem outros agentes envolvidos, mas se colocada no mercado essa transação talvez possamos considerar no futuro”, afirmou ele.
Essa é a oitava distribuidora que a CPFL Energia incorpora ao grupo em 10 anos e segundo o executivo segue a estratégia da companhia de poder crescer via aquisições e assim ganhar escala, um fator preponderante para ganhar competitividade no segmento.