A aquisição da AES Sul não deverá elevar a alavancagem da CPFL Energia. Do valor de R$ 1,7 bilhão que a companhia pagará para ficar com a totalidade das ações da distribuidora gaúcha, cerca de R$ 1,1 bilhão serão financiados e a outra parcela sairá do caixa da companhia. Apesar da contratação desse empréstimo, o presidente do grupo, Wilson Ferreira Junior, afirmou que o endividamento não aumentará e deverá permanecer no atual patamar de 3,22 vezes a relação entre a dívida líquida e o ebitda, indicador apresentado no final do primeiro trimestre, já considerando o ajuste da CVA no saldo de caixa.

Ferreira Junior observou que ao olhar para o endividamento da empresa ao final de 2015 e agora há uma queda. Era de 3,4 vezes e está recuando em função da recomposição da conta gráfica da CVA que estava em R$ 1,7 bilhão em dezembro de 2015 e agora está em R$ 700 milhões. Com a AES Sul virá a geração de caixa da distribuidora, que será acrescida ao grupo e que isso deverá manter o nível de alavancagem.
O presidente do grupo afirmou que ainda não há os cálculos exatos de quanto a empresa ganhará com sinergias com a aquisição da AES Sul. Ele disse que há números preliminares, mas que ainda precisa ser feita uma análise mais aprofundada até porque há a necessidade de se realizar investimentos na área de concessão recém-adquirida. Mas indicou os pontos que deverão resultar em ganhos, principalmente em função do aumento de escala.
“Quando você é maior tem vantagens na aquisição de equipamentos e partes, na contratação de serviços e seu compartilhamento, em atendimento ao cliente com empresas de call center (…) essa é a alternativa que se tem com a escala, são essas as possibilidades de sinergias e lembrar que há regras de compartilhamento de infraestrutura e de colaboradores”, afirmou ele em entrevista a jornalistas sobre a aquisição da AES Sul.
Ferreira Júnior rebateu críticas de que o valor da aquisição teria sido elevado diante do tamanho da distribuidora. Além do valor da aquisição serão mais R$ 1,1 bilhão em dívidas. Ele justificou que os indicadores foram avaliados muito bem e que os múltiplos que a AES Sul apresenta sobre a base de remuneração regulatório é boa, ao se considerar os custos adicionais está acima de 2 vezes. A compra, comentou ele, é percebida pelos analistas de mercado como aquisição que criará valor. E afirmou que os indicadores a serem avaliados nesses casos envolvem os que consideram todo o ciclo tarifário de cinco anos.
Ele afirmou ainda que a CPFL deverá promover investimentos para elevar os indicadores da AES Sul – que mudará de nome – e isso aumenta a base de remuneração o que torna negócio mais atrativo com o atual nível de waac regulatório. Questionado sobre a possibilidade de a empresa estar compromissada com essa aquisição e não ter mais fôlego para participar de novas disputas, Ferreira Júnior afirmou que a capacidade financeira do grupo CPFL está melhorando. Além disso, como a empresa está listada em bolsa pode abrir mão do mecanismo de recorrer ao mercado de capitais, caso seja necessária a medida.