O Governo Pernambuco está procurando compradores para energia solar produzida em seu Estado enquanto não conclui a migração de unidades consumidoras da administração pública para o mercado livre. Essa energia foi comprada pelo governo no primeiro leilão de energia solar do Brasil, promovido pelo próprio em 2013. Na ocasião foi contratado 122,82 MW de capacidade, proveniente de seis usinas, ao preço médio de R$ 228,63/MWh e por um prazo de 20 anos. Até o momento apenas a Enel Green Power, uma das cinco empresas vencedoras, cumpriu com o compromisso inicial ao colocar em operação as usinas Fontes Solar I e II, que somam 11 MW de capacidade e estão em operação comercial desde novembro 2015.
 
Como o governo ainda não consome toda a energia produzida pela EGP, faz necessário a venda desse excedente. Dessa forma, a comercializadora de energia da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (AD Diper) irá promover uma chamada pública. Os interessados podem apresentar propostas a partir da próxima terça-feira, 28, até às 0 hora do dia 5 de julho. Será colocado à venda cerca de 1 MW médio produzido pelos parques instalados no município de Tacaratu (PE). O período de suprimento será de 1º julho de 2016 a 1º de janeiro de 2017. O resultado do leião sai no dia 20 de julho.
 
O governo informou que o restante da geração média anual dos parques de Tacaratu, 0,8 MW médio, já é consumido pelo Centro de Convenções de Pernambuco (Cecon-PE) desde 1º de junho deste ano. O espaço público foi o primeiro da gestão estadual a se transformar em “consumidor especial” e fazer parte do mercado livre, tendo toda a sua energia produzida pelos parques da Enel Green Power. Segundo o governo, a transferência permitirá ao Cecon uma economia de 60% ao ano na conta de energia.
 
Até o início de 2017 o Governo do Estado pretende intensificar os trabalhos para migrar unidades consumidoras da administração pública para o mercado livre. As unidades deverão consumir toda a energia produzidas pelos parques na EGP a partir do próximo ano. "Estamos fazendo as coisas num procedimento estritamente legal, pioneiro", disse Pedro Cavalcanti, Secretário Executivo de Energia do Estado de Pernambuco. "É a primeira vez que algum estado oferta um produto solar, de curto prazo, feito sobretudo pela administração pública", completou ele que também é diretor de Comercialização da AD Diper.
 
O representante do governo tem consciência do desafio que será comercializar essa energia a um preço próximo ao comprado no leilão em 2013. Hoje o mercado de energia tem apresentado redução da demanda por conta da recessão econômica do país e dos aumentos das tarifas de energia no mercado cativo. Por outro lado, o Preço de Liquidação de Diferenças tem ficado abaixo dos R$ 100/MWh, com exceção do submercado Nordeste, o que joga para baixo os contratos de energia firmados no curto prazo. Cavalcanti disse que espera o melhor valor possível e que o Estado não tem intenção de ter lucro, mas de incentivar o mercado de energia e reduzir prejuízos.
 
Desistências e atrasos – As duas usinas da EGP, de 5,5 MW cada, foram as únicas a saírem do papel entre as cinco empresas que venceram o primeiro leilão de energia solar realizado pelo governo de Pernambuco em dezembro de 2013. Duas empresas desistiram, restando apenas Kroma Energia e a Sowitec Operacional Brasil. Juntas as empresas devem desenvolver 81 MW de capacidade. "O resultado o leilão foi reduzido para 92 MW. Houveram desistências e a gente está fazendo inclusive a negociação disso", disse Cavalcanti em entrevista à Agência CanalEnergia.
 
O prazo original do leilão previa a operação das usinas em 2015, mas a falta de uma indústria local para o fornecimento dos equipamentos fez com que o governo estendesse o prazo para janeiro de 2017. A opção pela compra de equipamentos locais é interessante para o Estado que está sondando fabricantes interessados em se instalar em Pernambuco. “O Governo tem conversado com alguns fabricantes que querem se estabelecer no Estado”, disse o secretário. 
 
Cavalcanti adiantou que o prazo será novamente prorrogado. O governo prepara um aditivo ao edital do leilão para que as usinas restantes entrem em operação entre janeiro e fevereiro de 2018. "Vai dar tranquilidade maior para eles entrarem em operação e também vai dar maior tranquilidade para nós fazermos a migração do mercado cativo para o livre das unidades", disse. "Vamos tentar dar tempo para estabelecer essas empresas e fazer com que o investidor possa ter melhores condições de colocar sua planta em operação comercial".
 
"O nosso parceiro que acreditou no empreendimento, bidou e ganhou e também vai ter espaço maior para ele fazer a planta com maior comodidade, buscando os melhores resultados”, completou. “Essa visão de setor que o Governo do estado de Pernambuco tem e com isso damos uma demonstração para o mercado que tem uma parceria boa aqui, não só para aquele que quer investir em energia, como também investidores que queiram construir suas plantas indústrias e prestação de serviços”, concluiu o representante do governo pernambucano.