A projeção de vazões para o mês de julho apresentada nesta quinta-feira, 23 de junho, mostra dois cenários distintos no país. De acordo com os dados apresentados pelo Operador Nacional do Setor Elétrico no primeiro dia de reunião do PMO de julho, é esperada energia natural afluente no Sudeste/Centro-Oeste em 98% da média de longo termo, no Sul está em 89% da MLT. Já no Nordeste e no Norte a expectativa é de que as ENAs fiquem em 25% e 52% da média histórica, respectivamente.
Apesar das projeções em nenhum submercado alcançar a média para o período, o ONS classifica que esses volumes não podem ser considerados ruins, à exceção no NE. Aliás a situação nesse submercado continua a ser classificada como crítica. Tanto que, novamente, assim como em 2015, o reservatório de Sobradinho poderá chegar a níveis muito baixos, nesse ano a previsão é de alcançar 2,7% do volume útil em dezembro.
Com a perspectiva de chuvas é que se determinou a restrição de geração na bacia do São Frnacisco e que deverá ocasionar a elevação do PLD. Até o final de setembro, a Agência Nacional de Águas vai definir uma resolução sobre a defluência mínima na bacia. O estudo do ONS sobre o tema aponta um cenário que essa vazão se estenderia até abril do ano que vem o que manteria o seu impacto sobre os preços no mercado de curto prazo. Essa política de operação para o São Francisco tem como meta preservar os reservatórios para que não zerem até o final do ano.
Outro reservatório que está em situação pior do que a esperada para essa época do ano é o de Tucuruí. Segundo a apresentação do Operador, a curva está em 88% quando esse mesmo índice deveria ser de 96%. No momento estão minimizando a geração dessa UHE para poupar o reservatório caso haja a necessidade de maior participação dessa central entre os meses de outubro e novembro. Outros reservatórios que estão sendo poupados no momento são do Sul com a maximização da geração em Itaipu.
Em termos operacionais as regiões Sul e Sudeste estão exportando energia para o Nordeste e Norte. A inconstância da eólica no mês de junho levou à manutenção de térmicas fora da ordem de mérito e essa situação deverá perdurar até o final de julho, quando normalmente começam a ser registrados a ocorrência de mais ventos. Atrasos em transmissão para Belo Monte e as eólicas no Nordeste, que estavam a cargo da Abengoa, começaram a ser modeladas no Newave, com isso a ampliação do intercâmbio com o NE não aumenta ao longo do tempo o que pode causar a elevação do CMO naquela região no longo prazo.
Em termos de meteorologia, o ONS afirmou que ainda não é possível afirmar se teremos a formação do fenômeno La Niña, que é o esfriamento das águas do Pacífico. No momento, o oceano apresenta um comportamento classificado como neutro. A possibilidade de se registrar o La Niña existe, mas a chance de ocorrência ainda é duvidosa pela demora na queda da temperatura das águas.
A carga ainda continua acima do projetado para este ano. O motivo, segundo o ONS, é que a demanda no SE tem ficado elevada por conta de temperaturas mais elevadas no SE e Sul. Em relação a 2015 a carga está 1% acima e 4% a mais do que o projetado ao PEN. A revisão da carga deverá ser feita apenas no final de julho. Mas de qualquer forma, afirmou uma fonte que esteve na reunião, uma mudança mais significativa será vista para 2016, já para 2017 a 2020 a alteração deverá ser pequena. A segunda unidade de 611 MW da UHE Belo Monte, prevista para entrar em julho foi adiada para agosto.