A necessidade de contratação de energia de reserva para garantir a segurança do sistema não é consenso entre os agentes do setor elétrico. Enquanto geradores de fonte alternativa defendem a realização de certames periódicos, grandes consumidores industriais apontam o custo crescente desses contratos. Estimativas feitas pela Abrace, a partir de informações disponíveis de todos os leilões realizados nos últimos anos, mostram que ao fim de 2016 a energia de reserva vai somar 2,7 GW médios a um custo fixo de R$ 4,52 bilhões. Ao término de 2019, serão em torno de 4,0 GW médios, com custo fixo de aproximadamente R$ 8,59 bilhões, sem considerar a contratação de Angra 3 nessa modalidade, que tem custo anual estimado de R$ 2,2 bilhões. 

Em carta enviada no último dia 8 de junho ao ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, o presidente executivo interino da associação, Luciano Pacheco Santos, defende que o governo discuta com a sociedade brasileira “a real necessidade da realização de novos leilões” de reserva, do ponto de vista do custo-benefício. Pacheco afirma que os custos fixos do leilões já realizados deve superar R$ 10 bilhões ao ano. 
 
A Abrace também solicita que os atuais contratos de compra de energia no ambiente regulado por disponibilidade “não sejam incorporados à Energia de Reserva dado o grande potencial de distorção e a falta de isonomia entre os ambientes livre e cativo”. Coelho confirmou o cancelamento do LER marcado para o próximo dia 29 de julho e disse que ainda não está decidido se o certame previsto para outubro vai acontecer. Dirigentes das associações que representam geradores eólicos e pequenas centrais hidrelétricas ainda têm a expectativa de que pelo menos um dos leilões seja mantido.
 
A indústria alerta, porém, para o desequilíbrio atual entre a a oferta e a demanda de energia no sistema. Apenas em 2016, a sobra estrutural pode atingir 12 mil MW médios, cenário que, segundo Abrace, deve ser mantido nos próximos anos. Os leilões de energia de reserva surgiram para compensar a diferença entre a real capacidade de geração hidrelétrica do Sistema Interligado Nacional e a garantia física das usinas. Apesar da constatação de que a capacidade de produção hidrelétrica havia sido superestimada, ela foi mantida ao longo do tempo, e uma eventual revisão não deve ocorrer, em principio, antes de 2017.