A Enel Green Power sugeriu a criação de um produto híbrido para ser oferecido nos próximos leilões de energia que fomentaria a fonte solar. O produto seria composto pela expansão de um projeto eólico já em operação acrescido da implantação de uma planta solar de menor porte. O preço teto seria mais elevado que os das fontes separadamente, porém resultaria em um melhor aproveitamento da conexão e reduziria investimentos em transmissão. "Isso traria uma otimização em termos da utilização dos recursos e um melhor aproveitamento da linha. É um estímulo para colocar projetos solares onde já existem eólicos", afirma Marcio Trannin, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Enel Green Power, que fez a proposta em apresentação no Brasil Solar Power, que foi realizado na última semana, no Rio de Janeiro (RJ).

De acordo com o executivo, atualmente é necessário que a conexão do projeto seja exclusivamente disponível para a totalidade da potência. Ele dá como exemplo uma eólica de 90 MW, que obrigatoriamente deve ter pelo menos 90 MW de conexão disponível da linha de transmissão. Caso se construa uma usina solar no mesmo local, ela deve possuir 10 MW adicionais disponíveis para que sejam utilizados. Com o produto híbrido, seriam considerados os mesmos 90 MW acessíveis, porém como a geração eólica não seria plena durante todo o tempo, a solar entraria enquanto ela estivesse gerando menos energia. "Você estaria ocupando o espaço não ocupado pela eólica, porque no momento em que ela estaria ocupando menos espaço, a solar estaria ocupando mais. Eu teria 100 MW se conectando em uma linha de 90 MW, mas aproveitando melhor a linha durante todo o dia", explica Trannim.  

A proposta lançada no Brasil Solar Power é fruto de um estudo interno da EGP. O executivo acredita que o tema vai ser discutido pelo setor, no âmbito da associação. "A ABSolar é o melhor caminho para evoluir e discutir. Lançamos a ideia", avisa. A Enel Green Power opera o primeiro projeto híbrido do páis, o complexo Fontes, que é formado pelo complexo eólico Fonte dos Ventos (90 MW) e o solar Fontes Solar (11 MW), localizados na cidade de Tacaratu, em Pernambuco. O complexo eólico foi comercializado em leilão A-5 de 2011 e o solar no leilão regional de Pernambuco em 2013.