O atual presidente da Eletronuclear, Pedro José Diniz Figueiredo, foi afastado de suas funções por haver evidências de que cometeu favorecimento pessoal em favor de Othon Luiz Pinheiro e interferiu no regular andamento das investigações internas que estavam sendo levadas a cabo por Comissão Independente de Investigação instituída pela Eletrobras, informou o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro.
 
Nesta quarta-feira, 6 de julho, foram cumpridas pela Polícia Federal medidas cautelares pedidas pelo (MPF/RJ) com a finalidade de obter provas adicionais de crimes de organização criminosa, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro decorrentes de contratos da Eletronuclear, empresa subsidiária da Eletrobras, em especial dos ajustes celebrados pela construtora Andrade Gutierrez para as obras de construção civil da Usina de Angra 3.
 
Os principais alvos da operação Operação Pripyat, deflagrada nesta quarta-feira, são Luiz Antonio de Amorim Soares, Edno Negrini, Persio José Gomes Jordani, Luiz Manuel Amaral Messias e José Eduardo Brayner Costa Mattos, que ocuparam funções de direção ou superintendência nos altos escalões da Eletronuclear, tendo sido apurado que receberam propina, em dinheiro vivo ou por contratos fictícios com empresas interpostas, paga pela Andrade Gutierrez. O ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro, que se encontrava em prisão domiciliar, teve sua prisão preventiva decretada diante da demonstração da manutenção de sua influência na estatal.
 
A reportagem da Agência CanalEnergia não conseguiu contato com empresa até a publicação desta matéria. Em nota assinada pelo diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Eletrobras, Armando Casado, a companhia disse que está tomando ciência da situação e se comprometeu em manter o mercado informado. "A companhia informa aos seus acionistas e ao mercado em geral que tomou conhecimento pela imprensa de suposta operação da Polícia Federal, iniciada na manhã de hoje, envolvendo o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva e outros. A companhia está verificando o episódio noticiado pela imprensa e manterá o mercado informado", escreveu.
 
Ainda foram alvo da investigação da PF indivíduos ligados às empresas Flexsystem (Ludmila Gabriel Pereira, Tatiana Gabriel Pereira e Marlei Gabriel Pereira), WW Refrigeração (Marco Aurélio Vianna Pereira Leite e Marco Aurélio Barreto Pereira Leite), Eval – Empresa de Viação Angrense (Elmo Pereira Vieira), Legend, SP Terraplanagem e JSM Engenharia (Adir Assad) utilizadas para intermediar o repasse de propina paga pela Andrade Gutierrez.
 
Existe ainda a suspeita de que a Engevix, de José Antunes Sobrinho, empresa responsável pelos principais projetos de engenharia de Angra 3, também tenha realizado pagamentos de propina aos funcionários da Eletronuclear através das empresas Flexsystem e AEM Sistemas (Antonio Ernesto Ferreira Muller e Marcelo Antônio Castro Muller).
 
Ainda foi alvo da operação, por condução coercitiva e busca e apreensão, o diretor afastado da Eletrobras Valter Luiz Cardeal de Souza, que teve um papel ainda não devidamente esclarecido na negociação de descontos sobre o valor da obra de montagem eletromecânica de Angra 3 com posterior pedido e pagamento de propina realizado no âmbito dos núcleos político e administrativo da organização, conforme relatos de diversos réus colaboradores.