A subsidiária brasileira da gigante China Three Gorges está há menos de uma semana à frente das UHEs Ilha Solteira (SP/MS, 3.444 MW) e Jupiá (SP/MS 1.551 MW). Agora, com a responsabilidade de operar e manter as duas centrais localizadas no rio Paraná, vem se organizando para colocar em prática um plano de investimento nas usinas para sua modernização, pois estas datam do final dos anos 1960 e esses aportes podem, até mesmo, elevar a sua capacidade de geração.
Segundo o diretor de O&M e Meio Ambiente da CTG Brasil, Cesar Teodoro, a empresa encontrou os ativos bem conservados e operados, mas como possuem mais de 40 anos desde que entraram em operação é natural que haja a expectativa de se introduzir melhorias em termos de tecnologia empregada e gestão. Até porque hoje os processos existentes são mais eficientes e houve mudanças nas formas de se realizar manutenção nas usinas. Ele explicou que antigamente o perfil das intervenções era de natureza ou corretiva ou preventiva. Hoje é preditiva, ou seja, atua no equipamento da usina conforme a necessidade e assim traz mais eficiência às ações e aumenta a disponibilidade da central ao Operador Nacional do Sistema Elétrico.
“É de se esperar essas necessidades em usinas que começaram a operar no final dos anos 60, encontramos os ativos de forma bem operada, mas existe a necessidade de melhorias”, afirmou Teodoro à Agência CanalEnergia. Ele conta que há muito espaço para essas modernizações, a partir, por exemplo, dos controles que ainda são analógicos. O processo de automação é um dos principais pilares a ser implantado, pois assim, com mais tecnologia é possível trazer mais confiabilidade. O resultado pretendido é de aumentar a disponibilidade das usinas que hoje está na casa de 92%.
Para obter esses resultados a CTG Brasil está focada em duas frentes de trabalho. A primeira é a realização de um estudo para determinar o escopo do trabalho de melhorias a ser implantado nas usinas. “Estamos trabalhando para desenhar um diagnóstico de projeto mais completo para definir o que será modernizado. E isso precisa de um planejamento bem feito para que tenhamos sucesso em atender a disponibilidade atual da usina e caminhar com o projeto de modernização em paralelo. Queremos ter a identificação desse diagnóstico até o final de 2016”, revelou ele.
A outra é a perspectiva de aumento da capacidade de geração da usina. Nesse ponto o trabalho é mais extenso e demorado. Ele admite que o estudo a ser conduzido poderá envolver até mesmo a possibilidade de troca de máquinas como o rotor das turbinas. A meta é a de gerar mais energia com a mesma água. “Mas isso depende de estudos de viabilidade técnica. Não temos ideia de quanto poderá aumentar até a conclusão dos estudos, isso se demonstrar que poderemos ter o aumento da capacidade e da garantia física das usinas, mas a nossa ideia com o estudo é de elevar a capacidade das usinas”, acrescentou o diretor da CTG Brasil.
Nesse caso o estudo deverá ser conduzido a longo deste ano e de 2017. E como consequência, qualquer decisão de investimentos nas duas centrais deverá ocorrer a partir de 2018, pois ainda há a necessidade de desenhar o escopo do projeto, discussões com o órgão regulador para a implementação das melhorias, contatos com fornecedores e planejamento das obras. Além disso, comentou, o tratamento dado a essa energia adicional que poderá ser agregada às centrais ainda deverá ser discutido junto à Aneel.
O foco da empresa no Brasil é para a operação das centrais elétricas adquiridas, além das duas que estavam sob a concessão da Cesp, estão sob controle da chinesa a de Salto e Garibaldi. E ainda, a participação de 50% que detém nas usinas de Santo Antônio do Jari (PA, 373 MW), de Cachoeira Caldeirão (PA, 219 MW) e de 33,3% em São Manoel (MT/PA 700 MW ), todas adquiridas junto à EDP, sua controlada em Portugal.
Teodoro é engenheiro eletricista e chegou à CTG Brasil após passagens na Voith nos Estados Unidos e por um período de 15 anos na Duke Energy no Brasil. Contudo, disse que sua chegada não tem relação com a possibilidade de a sua nova casa estar interessada nos ativos à venda. “Vim pela minha experiência em operação”, disse ele que reforçou ainda que as negociações para aquisições são tocadas diretamente pela sede da CTG, na China. “Nosso foco é a operação”, concluiu.