O biogás e o biometano são dois combustíveis para geração térmica que possuem, somados, um potencial de produzir cerca de 150 GWh ao ano. E essa fonte começa a ser estudada pelo governo para ajudar a compor o mix da matriz elétrica nacional. Inicialmente, a ideia é aproveitar a sua capacidade de pulverização pelo país todo e iniciar sua presença por meio de geração distribuída ou por chamadas públicas. E num sentido mais amplo, coloca em prática uma política pública que foi delineada e entregue ao MME pela associação que representa o segmento, a Abiogás, em reunião realizada na última terça-feira, 5 de julho, em Brasília.

O presidente da entidade, Cícero Bley, explicou que o Plano Nacional de Biogás e Biometano foi formulado pela associação e possui nove componentes que tratam desde a comercialização, regulação, tributação, apresenta aspectos ambientais, entre outros. Esses itens, disse, serão alvo de avaliação do governo que começou a se organizar para montar um grupo interministerial para tratar do assunto.
“Entre todas as fontes renováveis, o biogás é o mais barato que existe, produz um MW com um investimento de R$ 3 milhões. Se olharmos a solar, por exemplo, o valor ainda está em R$ 5 milhões”, indicou Bley em entrevista à Agência CanalEnergia. “O potencial brasileiro de produção é de 100 bilhões de metros cúbicos de gás ano considerando a biomassa da cana de açúcar, saneamento básico, e a biomassa oriunda da produção de alimentos, isso representa o potencial de gerar 150 milhões de kWh ao ano”, calculou ele.
Outro destaque para a fonte, segundo Bley, é a sua característica de poder armazenar o combustível assim como se faz para a hidráulica e pode ajudar no equilíbrio do sistema que vem assistindo a inserção cada vez maior de fontes intermitentes. Além disso, outro benefício está no fato de que para se ter o biogás ou biometano há um ganho ambiental, pois é necessário o tratamento de resíduos ao invés de serem descartados. E outra externalidade é a possibilidade de sua distribuição por todo o país.
A Abiogás e suas associadas querem aproveitar o fato de que ainda há enormes brechas no fornecimento de energia no país, principalmente pelas dificuldades em termos de transmissão. “Há locais que ficam a 20 quilômetros de distância de Itaipu onde falta energia toda semana ao ponto de se perder grandes lotes de animais, principalmente aves e suínos, por falta de refrigeração, essas empresas poderiam suprir sua necessidade com a geração distribuída que não precisa de transmissão ou distribuição, a carga está no local de sua produção. O biogás e o biometano pode ser o fator que diminua o impacto dessa questão paradoxal que é termos excesso de contratos de energia nas distribuidoras e potenciais consumidores sem atendimento”, comentou.
Por isso a ideia, apesar de o biogás ter conseguido colocar um projeto no A-5 desse ano por meio da Biogás Bonfim, localizada em São Paulo, é a de se estabelecer uma política regional por meio de chamadas públicas. O papel do governo federal, contou Bley, viria no sentido de estabelecer uma política nacional para a fonte apesar deste foco regional. Essa necessidade, explicou ele, vem do fato de que a GD ainda é vista com preconceito pelas distribuidoras, e que, em sua avaliação, não querem que aconteça por desejar manter o modelo existente atualmente. “Saímos convencidos de que as energias renováveis em geral, e o biogás em particular, vão experimentar grande impulso neste semestre e no próximo ano”, concluiu ele.