A Federal Energia é um daqueles exemplos de como uma empresa se comporta em momentos de crise e de bonança. Fundada no final de 2011 pelos sócios Erick Menezes de Azevedo, Otto Resende Vilela e Afonso Henriques Moreira Santos, a comercializadora enfrentou dificuldades iniciais para tocar o seu negócio de gestão de contratos no mercado livre. Por conta desastrosa combinação "seca e intervencionismo político", o Preço de Liquidação das Diferenças iniciou em 2012 uma trajetória crescente de preços chegando a custar mais de R$ 800/MWh em 2014, prejudicando os negócios no mercado livre e comprometendo os planos da companhia.
 
Nesse contexto, três anos depois de iniciar suas operações, a empresa começou 2015 com menos de dez clientes, disse Erick Menezes. Porém, com a inversão de cenário produzida pelo realismo tarifário no ano passado, a empresa pulou para 50 unidades administradas em janeiro de 2016 e atualmente esse número já chega a 80 consumidores, com a perspectiva de terminar o ano com cerca de 150 clientes. "O nosso crescimento se deve ao boom de migrações que começou no ano passado. A Federal conseguiu se beneficiar assim como a maioria das comercializadoras que trabalham com gestão de clientes para o mercado livre", disse. "A nossa expectativa é chegar na casa de 150. É uma projeção realista, que com bastante trabalho a gente consegue alcançar", completou.
 
A Federal possui negócios que envolvem compra e venda de eletricidade e gestão de consumo e geração, bem como acompanhamento e investimento em projetos de clientes. Conta atualmente com uma equipe multidisciplinar com engenheiros, advogados, eletricistas e administradores. Como comercializadora, a Federal mantém geração própria e faz compra de energia com pagamento antecipado, o que garante à empresa o fornecimento de eletricidade com maior rentabilidade.
 
Segundo Menezes, a empresa já vendeu 150 MW médios no mercado e conta com um portfólio de 35 MW em projetos hidrelétricos a serem desenvolvidos. Desses, quatro projetos estão em fase final de licenciamento, que devem demandar cerca de R$ 50 milhões em investimento para colocar em operação 8 MW de capacidade instalada. 
 
“Para uma empresa de gestão de energia como a nossa, é um grande diferencial contar com fontes próprias e limpas”, afirmou Azevedo. "Nossa política é investir em CGHs porque a CGH dá para enquadrar na REN 482/12 para entrar como geração distribuída. Outra vantagem é que não tem concessão e não precisa passar pela aprovação da Aneel e com isso a gente consegue fazer usinas de alto rendimento e com alta rentabilidade", completou.
 
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica contabilizou 1.151 novas unidades consumidoras migradas para o ACL entre janeiro e junho de 2016, confirmando o bom momento vivido pelo mercado livre neste ano. Contudo, disse Azevedo, o interesse de novos entrantes para o ACL começa a diminuir por conta do aumento dos preços no ambiente livre. Ele explicou que a Federal tem um Índice de Atratividade do Mercado Livre, que varia de 0% a 100%, sendo que 100% significa um alto interesse. "A gente já verificou que em algumas distribuidoras a atratividade para migração está muito baixa e o nosso departamento comercial já verificou uma procura menor dos potenciais clientes."
 
A Federal Energia possui três escritórios no Brasil, em Itapema (SC), Itajubá (MG) e São Paulo e tem planos de abrir novas unidades. Na gestão de energia, a empresa oferece serviços adicionais como instalação de medidores, monitoramento do consumo, acompanhamento regulatório e análises de subsídios fiscais disponíveis, entre outros. Na administração de portfólio, desenvolve estratégias de compra ou venda de energia para consumidores e geradoras, no sentido de maximizar os resultados financeiros, oferecidos por eventuais oportunidades com as oscilações no preço da energia.