O mercado livre começou a conviver nesta quarta-feira, 20 de julho, com uma nova figura, o comercializador varejista. A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica habilitou as três primeiras empresas a atuarem dessa forma, são elas a CPFL Brasil Varejista (Grupo CPFL), Comerc Power (Comerc Energia) e a Ekce (Elektro). E há mais duas outras que estão com o processo de adesão a esta nova classe de agente em andamento, a Nova Energia e a Safira Energia.
De acordo com o presidente do conselho de administração da CCEE, Rui Altieri, a ultima das três empresas habilitadas entrou com o processo de autorização em 23 de maio. Ou seja, em pouco mais de 60 dias o processo, que demorou inicialmente para ser concretizado, passou a ser mais célere. E, disse, se o mercado de energia começar a reagir mais empresas deverão se interessar em atuar dessa forma na CCEE. “Esse é um marco importante para viabilizar a expansão do mercado atacadista no país”, comentou o executivo da CCEE. “Temos duas novas empresas em processo de habilitação e com a expansão do mercado poderemos ver a rápida expansão, já que esse segmento do setor elétrico é dinâmico”, acrescentou ele à Agência CanalEnergia.
A figura do comercializador varejista já vem sendo discutida desde 2013 no país. Somente no ano passado é que a Aneel regulamentou esta classe de agentes. A meta é a de reduzir a complexidade de adesão e facilitar o desenvolvimento do ACL para permitir que empresas de menor porte, que não possuam expertise, estrutura ou equipe técnica especializada no setor, sejam representadas junto à CCEE.
A perspectiva no entanto é de que o comercializador varejista não fique apenas restrito aos consumidores de menor porte, apesar deste ser o foco. No caso da CPFL Brasil Varejista, até mesmo aquelas empresas que apresentam carga mais elevada podem ser representadas pela nova classe de agentes. Segundo a gerente de Inteligência de Mercado da CPFL Brasil, Fabiana Avellar, o nicho são as empresas de carga menor e que podem unir a demanda para entrar no segmento. Mas vale lembrar que os grandes clientes também podem recorrer ao comercializador varejista por uma opção de não querer mais ser agente da câmara e ser representado nas questões referentes ao mercado livre.
A executiva contou que a empresa inclusive já fechou o primeiro contrato no formato de comercializador varejista com uma indústria de máquinas e equipamentos. Agora que houve a habilitação serão realizados todos os trâmites de migração para que em outubro comece o fornecimento nessa modalidade. “Hoje vemos que a demanda dos clientes que estão migrando está mais baixa, antes era de 0,8 MW agora recuou e há casos de 0,1 MW que unindo a carga com outras unidades consumidoras forma a demanda mínima de 0,5 MW. São redes de varejo, supermercados, comércios, universidades e outros”, analisou Fabiana.
Uma questão importante nesse caso do comercializador varejista é acerca do crédito já que qualquer inadimplência deve ser responsabilidade da empresa que representa o consumidor. A executiva da CPFL afirmou que nesse ponto a companhia adotou medidas para mitigar o risco e que são comuns ao mercado financeiro, como a perspectiva de diversificação da carteira de clientes, a adoção de uma política de análise de crédito e que pode até mesmo exigir por parte do cliente, o aporte de garantias pro um tempo determinado. “ Para isso nos preparamos estudando a figura do comercializador varejista”, afirmou Fabiana.
Por ser uma das empresas pioneiras nesse segmento a CPFL Brasil Varejista indica que quer manter sua fatia de mercado. Sem revelar metas exatas, a executiva da companhia diz que a meta é de manter 15% de participação atual mesmo diante de um cenário no qual o apetite pela migração deverá aumentar já que o acesso ao ACL será facilitado.