A Agência Nacional de Energia Elétrica negou autorização para que os diretores do Operador Nacional do Sistema Elétrico recebam em 2016 o pagamento da bonificação por performance organizacional, paga atualmente apenas aos funcionários do órgão. A extensão do bônus aos diretores, proposta pelo ONS, foi condicionada à alteração do estatuto da instituição, que ainda está em discussão na Aneel. 

Como o assunto não foi analisado no mérito, é possível que o adicional não possa ser incluído nem mesmo no orçamento do operador de 2017, que deverá ser entregue à Aneel até 30 de setembro desse ano. O pagamento do bônus aos dirigentes não está previsto no orçamento desse ano, de R$ 612 milhões, dos quais R$ 569 milhões são referentes a despesas operacionais, R$ 34,7 milhões ao Plano de Ação do ONS e R$ 8,4 milhões a aquisições e benfeitorias
 
Na proposta apresentada à agência em outubro de 2015, o ONS usou o argumento de que haveria um beneficio fiscal em torno de R$ 9,6 milhões com a adequação do Programa de Estrutura e Performance Organizacional à Participação nos Lucros Resultados. A Aneel entende que o custo do pagamento do bônus não poderá fazer parte da receita do orçamento bancada pelo consumidor, que corresponde a 97% da arrecadação do ONS.
 
O diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, admite que há uma questão conceitual ainda em aberto, que é a avaliação do papel do próprio ONS e a definição do que seria considerado ganho de eficiência na operação do sistema. O pagamento de bonificação por desempenho não foi descartada, mas ainda há dúvidas quanto ao mérito do tema, afirma o diretor.
 
Ele admite que esse é um debate complexo, dado o caráter híbrido do ONS. Apesar de ser definida como uma instituição de direito privado, o órgão é  gerido com recursos públicos. Enquanto o ONS reivindica plena autonomia para definir a própria gestão, a Aneel defende que essa autonomia deve ser relativa. A discussão em andamento na agência reguladora envolve questões como melhoria da governança do órgão, aumento da transparência e a própria gestão orçamentária.