Começou na última segunda-feira, 1º de agosto, uma ação beneficente que tem como objetivo mobilizar o maior número de pessoas possível em volta de um propósito: levar energia elétrica e térmica as comunidades africanas. Nesta etapa inicial, o financiamento coletivo Energia para África buca arrecadar arrecadados R$ 20 mil para atender 50 líderes comunitários, que poderão aprender a gerar sua própria energia com dejetos de animais, produzir biofertilizante para utilização em pequenas plantações e, ainda, fomentar o saneamento básico em suas comunidades.  O curso será adaptado às necessidades específicas deles, com arquivos de fácil acesso remoto, além de turmas em português e inglês.
 
As doações podem ser feitas diretamente no site www.catarse.me/energytoafrica. Não há limite mínimo ou máximo. A campanha será encerrada no próximo dia 1º de outubro. Após o prazo, os valores só serão repassados se o financiamento alcançar a meta estipulada. Até o momento, foram arrecadados R$ 440,00.
 
Uma das inspirações para o projeto foi Bachir Afonso. Ele vive no Parque Nacional das Quirimbas, em Moçambique, com 135 mil habitantes, onde 95% da população não tem acesso à energia térmica e, muito menos, elétrica. “Viver sem energia é uma pedra no sapato, que você nem consegue andar porque lhe incomoda. E isso nos incomoda muito, porque sabemos que assim, sem energia, nunca vamos conseguir melhorar a nossa vida”, desabafa Bachir.
 
O líder comunitário esteve no Brasil no ano passado e levou na bagagem uma série de conhecimentos adquiridos no CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis-Biogás), em Foz do Iguaçu (PR). Ele passou um mês recebendo treinamentos e visitando pequenas e grandes propriedades rurais que geram energia elétrica, térmica e veicular por meio do biogás. Quando voltou para casa, conseguiu transformar todas as expectativas em realidade e – aos poucos – está mudando a vida e a paisagem do Parque das Quirimbas. Hoje, ele produz biogás, por meio de um pequeno biodigestor, que utiliza para o cozimento de alimentos, aproveitando o biofertilizante para adubar hortas comunitárias, que antes eram muito pouco produtivas.
 
Além de gerar energia o uso de resíduos de pescados, dejetos e o esgoto para sua geração permite sanar outros grandes problemas, como a redução de odores, infestação de insetos e roedores causadores de doenças como a cólera e a malária. “O biogás resolveu vários de nossos problemas, porque é uma energia limpa e ambientalmente amigável. Mudou muita coisa a nosso redor e para muito melhor”, ressalta.