A Energia Sustentável do Brasil foi autorizada a renegociar o saldo devedor do risco hidrológico da hidrelétrica de Jirau de 2015, de R$ 167,4 milhões. O valor correspondente às duas últimas parcelas da dívida dos contratos regulados da usina poderá ser dividida em cinco parcelas mensais de R$ 33,48 milhões, corrigidas pelo IGP-M mais juros de 1,1% ao mês. O débito terá de ser pago até 31 de dezembro de 2016.

A decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica é extensiva aos demais geradores, que poderão fazer o mesmo tipo de negociação com seus credores. As condições para o alongamento da dívida foram estabelecidas por dez dos principais credores das usinas, consultados pela Aneel. “Baratinho. Juro de cartão de crédito”, ironizou o diretor-presidente da ESBR, Victor Paranhos, ao comentar a proposta.

Sem um novo parcelamento, a ESBR teria que pagar R$ 88,8 milhões na liquidação marcada para o próximo dia 8 de agosto, e R$ 78,6 milhões na liquidação de setembro do mercado de curto prazo. A empresa alega que desde o início da cobrança do chamado GSF (o fator que reflete o risco de geração das usinas hidrelétricas) já pagou o equivalente a R$ 1,3 bilhão pela exposição de Jirau.

A agencia reguladora havia homologado um primeiro acordo entre devedores e credores, que permitiu a divisão em seis parcelas dos débitos do GSF no mercado de curto prazo. Após quitar as quatro primeiras prestações, a ESBR solicitou a suspensão do pagamento até outubro, quando as parcelas restantes seriam quitadas. A suspensão foi negada pela Aneel.

A controladora de Jirau terá de investir este ano R$ 600 milhões para colocar as últimas máquinas da usina em operação comercial até novembro. Paranhos afirma que sem o recebimento de pelo menos R$ 30 milhões em débitos em atraso das distribuidoras Eletrobras não terá como pagar nem mesmo a primeira parcela da renegociação.

A empresa contabiliza em torno de R$ 100 milhões entre créditos com as distribuidoras e débitos que foram pagos, mas são questionados  na agência. Desse total, R$ 20 milhões seriam relativos ao pagamento em duplicidade do GSF; R$ 10 milhões referentes ao rateio entre os agentes do fator de indisponibilidade da hidrelétrica Santo Antônio e R$ 25 milhões à exposição residual ao risco hidrológico. A ESBR tem como sócios a Engie, antiga Tractebel, Chesf, Eletrosul e o grupo japonês Mitsui.