A Eletrobras poderá desistir de vender outros ativos ou participações em Sociedades de Propósito Específico. No momento, segundo o presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr, apenas a venda da Celg-D está certa e com leilão marcado para o dia 19 de agosto. A empresa também já decidiu que não renovará as concessões de suas demais distribuidoras, que ficam em estados do Norte e Nordeste do país.
"A decisão que nós já tomamos é de fazer a privatização das distribuidoras. Agora estamos naquela fase de trabalhar orçamento plurianual onde nós vamos avaliar se temos a necessidade de fazer mais desinvestimentos, mas essa decisão nós não temos ainda, está sendo objeto de estudos da companhia. Pode ser que não haja essa necessidade", declarou o executivo. Ele disse que a companhia tem 179 SPEs que produzem resultado. "Só vamos vender se precisar", frisou.
A empresa, comentou Ferreira Jr, tem um programa de investimento em geração e transmissão de R$ 33 bilhões até 2020. Para esse ano, a previsão era de um investimento de R$ 10 bilhões, mas ele não deverá ser alcançado, segundo o executivo, porque aportes não foram realizados no primeiro trimestre. Ele explicou que agora a empresa está fazendo uma avaliação da sua capacidade financeira, com os recursos que hoje tem em caixa, para ver se há a necessidade de novos desinvestimentos. O executivo lembrou que com o reconhecimento de indenizações da RBSE pela Agência Nacional de Energia Elétrica, será possível contar com esses recursos a partir do ano que vem.
"A companhia tem perspectivas muito boas e o que vai determinar ou não se a gente precisa se desfazer de participações, e essa decisão não existe, é a gente fazer uma avaliação dos compromissos que nós temos assumido em termos de investimento, que não são poucos, e a nossa capacidade de geração de caixa", apontou. Para o primeiro ativo à venda, no caso a Celg-D, Ferreira Jr. comentou que mais de cinco empresas nacionais e estrangeiras já acessaram o data room com informações da distribuidora.
Segundo ele, a Celg-D é um ativo extraordinário em uma região que é uma das que mais cresce no país. "É uma companhia que nós operamos aqui ao longo dos últimos anos no sentido de melhorar os níveis de eficiência, de qualidade. É um ativo, que quem quer se posicionar no Brasil seja a primeira vez ou em processo de consolidação, esse é o ativo a ser comprado", afirmou.
Quanto às investigações que estão sendo realizadas na companhia, o executivo acredita que elas devem ser concluídas nos próximos 30 dias. A empresa, que teve a negociação de suas ações suspensas na bolsa de Nova York, precisa entregar sua defesa à SEC em outubro. O presidente da Eletrobras explicou que após a conclusão das investigações, elas precisam ser refletidas no balanço junto com a auditoria independente para que seja feita a defesa na SEC. Somente após é que se faz o registro do relatório 20-F e as negociações podem ser restabelecidas. De acordo com o executivo, isso pode acontecer ainda neste ano.