A comercializadora Ecom Energia anunciou que também vai atuar como comercializadora varejista. O processo para criação da nova empresa foi iniciado junto à Agência Nacional de Energia Elétrica e à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, e a expectativa é que a aprovação dos órgãos aconteça em até dois meses. Dessa forma, a Ecom se junta a um time de empresas pioneiras cujo objetivo é facilitar o acesso de consumidores de pequeno porte ao mercado livre.
 
O comercializador varejista organiza vários consumidores sob um único registro na CCEE. Isso reduz os custos operacionais e burocráticos para os clientes e para a CCEE. Regulamentada há 17 meses, a figura do comercializador varejista ainda não avançou como o esperado. O risco de inadimplência segue inibindo as empresas de atuarem nesse mercado, uma vez que a regulação vigente não permite que o comercializador varejista interrompa o fornecimento de energia em caso de falta de pagamento de um cliente.
 
Em julho deste ano, a CCEE anunciou os três primeiros habilitados para atuar nesse mercado: a CPFL Brasil Varejista (Grupo CPFL), Comerc Power (Comerc Energia) e a Ekce (Elektro).  Além da Ecom, há mais duas outras empresas que estão com o processo de adesão em andamento: a Nova Energia e a Safira Energia.
 
Para Paulo Toledo, sócio-diretor da Ecom Energia, o mercado de comercialização varejista deverá ser ocupado por grandes e médias comercializadoras, uma vez que o volume de operações vai exigir um nível de sofisticação complexo das empresas. "A gente imagina que vai ser um mercado para empresas que tenham uma estrutura operacional mais robustas para poder dar suporte as essas operações."
 
Para migrar para o mercado livre, o consumidor precisa assumir alguns compromissos junto à CCEE. Isso exige um trabalho operacional que as empresas de pequeno porte têm dificuldade de realizar. O comercializador varejista vem justamente para simplificar esse processo, operando como um intermediador entre os vários agentes do setor elétrico.
 
Com o aumento da tarifa de energia no mercado cativo, há uma grande procura de pequenos consumidores interessados em mudar para o mercado livre, onde a economia média com o isumo pode ser superior a 20%. Contudo, como esses clientes são muitos e têm um perfil baixo de consumo, à medida que isso evolui, gera um grande desafio operacional para a CCEE. "Acho que a tendência é esses clientes menores estarem dentro da comercializadora varejistas, evitando todo esse problema na CCEE", disse Toledo.
 
O executivo concorda que esse modelo de negócio demorou a sair do papel. A regulação atual não detalha como o comercializador varejista deve atuar em caso de inadimplência do consumidor. Ele contou que os aprimoramentos na regulação estão sendo discutidos com a Aneel, para que a comercializadora possa, por meio da distribuidora, desligar o consumidor inadimplente. Até que essa inovação seja regulamentada, o jeito será estabelecer modelos contratuais que protejam as comercializadoras, como exigir garantias financeiras dos clientes.
 
"São coisas que estamos discutindo com Aneel para melhorar a regra", disse Toledo. Para ele, todas essas incertezas não foram priorizadas na edição da regra, o que acabou retardando o processo. "Acho que realmente poderia ter acontecido alguns anos atrás."