A comercializadora Ecom Energia estuda um modelo de negócio inovador para aproveitar as oportunidades da geração distribuída, que está em franca expansão no Brasil. O foco está nos clientes de baixa tensão que desejam reduzir os custos com o insumo, mas não podem migrar para o mercado livre. O novo modelo de negócio, que pretender viabilizar a troca de créditos de energia, deverá estar operando até o final do ano. A expectativa é que os consumidores alcancem uma redução de custo de, no mínimo, 20%.
 
A geração distribuída foi regulamentada em 2012 com a publicação da Resolução Normativa 482. Os consumidores passaram a instalar sistemas de geração para consumo próprio e trocar o excedente produzido por crédito com a distribuidora. Segundo Márcio Sant’Anna, sócio-diretor da Ecom Energia, a oportunidade surgiu após o aprimoramento da REN 482/2012. No final de 2015, a Agência Nacional de Energia Elétrica publicou a REN 687/15 que, além de esclarecer pontos tributários, também criou novas modalidades para geração distribuída. Uma dessas modalidades é a geração compartilhada, onde a produção e o consumo podem acontecer em pontos distintos, desde que estejam dentro de uma mesma área de concessão.
 
A ideia da Ecom é reunir geradores (solar, CGHs e biomassa) interessados em atuar na minigeração distribuída, aquela entre 75 kWh e 5 MW. Os créditos gerados por essas usinas seriam "comercializados" com um pool de consumidores, que por sua vez utilizariam esses créditos para abater suas respectivas faturas nas concessionárias. A Ecom atuaria na gestão dessa operação. "Pela primeira vez a gente tem uma oportunidade real de buscar uma gestão e uma possibilidade de redução de custos na baixa tensão", disse o executivo, que está otimista com o potencial de negócios que podem ser gerados com essa nova modalidade. 
 
A minigeração se diferencia da microgeração por ter um porte maior e exigir investimentos mais elevados nos sistemas de geração. Com a novidade almejada pela Ecom, esses consumidores poderiam se reunir para investir nesses novos sistemas, o que seria benéfico para o movimentar o mercado, principalmente para geração fotovoltaica, ainda insipiente no Brasil.
 
Há também uma boa oportunidade para as CGHs já em operação, que podem deixar de vender nos mercados livres e cativos (ao fim dos contratos) para direcionar sua produção para geração distribuída, com a vantagem de evitar riscos e custos regulatórios presentes nesses ambientes tradicionais de comercialização de energia. Sant’ Anna calcula que esses agentes afeririam um ganho de pelo menos 30% nas receitas. "A gente tem uma oportunidade imediata de capturar esses descontos pelas CGHs. Muitos empreendedores estão procurando a Ecom para sair do ACL e começar a ‘vender’ na geração distribuída pelo simples fato que eles vão ‘vender’ mais caro."
 
Hoje o Brasil tem 34 projetos de minigeração solar, totalizando uma potência instalada de 21 MW. A Empresa de Pesquisa Energética estima que a energia solar vai chegar a 140 GW em 2040. "Eu não consigo enxergar essa quantidade de energia sendo gerada se não através da geração distribuída. A GD veio para revolucionar o mercado", afirmou o executivo da Ecom.
 
A empresa pretende fazer o meio de campo para viabilizar a troca dos créditos, apoiando no desenvolvimento dos novos sistemas, fornecendo serviços de consultoria ambiental e regulatória, realizando a análise de risco, viabilizando a regularização de terrenos, negociando com fornecedores de equipamentos, bem como atuando na elaboração do projeto técnico e do modelo financeiro. Desde que a regulação foi aprimorada, a geração distribuída deu um salto importante no Brasil. Hoje são 3.565 sistemas instalados contra 1.844 em setembro de 2015. “Perto do potencial possível desse mercado, que são milhões de sistemas, isso é ínfimo”, concluiu Sant’ Anna.