A Fitch ratings colocou em "observação negativa" os ratings nacionais de longo prazo da terceira emissão de debêntures da Santo Antônio Energia. Segundo a agência de classificação de risco, a decisão se deu em razão da deterioração da qualidade de crédito da Odebrecht S.A., acionista indireta do projeto, que garante todas as obrigações de suporte da Odebrecht Energia S.A., acionista direta do projeto.
 
A emissão foi feita em duas séries: uma de R$ 200 milhões com vencimento em abril de 2022 e outra de R$ 500 milhões com vencimento em abril de 2024, ambas com ratings ‘A-(bra)’. Os cenários da Fitch, até a última ação de rating, contemplavam aportes adicionais de capital no projeto, e os ratings, portanto, estavam atrelados à capacidade de crédito do acionista mais fraco. Em virtude do atual estágio do projeto, a necessidade de recursos adicionais dos acionistas, a curto e médio prazos, está sendo analisada pela agência.
 
A Observação Negativa será resolvida quando a Fitch concluir sobre a necessidade de recursos adicionais dos acionistas no projeto. Os ratings da terceira emissão de debêntures da Saesa serão rebaixados caso haja necessidade de recursos adicionais relevantes a curto e médio prazos. Por outro lado, o rating poderá ser afirmado caso o projeto demonstre ser autossustentável e não necessite de aportes adicionais de capital.
 
A Saesa é uma Sociedade de Propósito Específico constituída para construir e operar a hidrelétrica de Santo Antônio, no rio Madeira, em Porto Velho, Rondônia. A SPE ganhou o contrato de concessão de 35 anos (com vencimento em 2043) no Leilão Energia Nova 005/2007, realizado em dezembro de 2007.
 
Os acionistas da Saesa são Furnas (39% de participação), Odebrecht Energia S.A. (18,6%), Cemig GT (10%), SAAG Investimentos S.A. (12,4%) e Caixa FIP Amazônia Energia (20%). As debêntures se beneficiam de forte estrutura de garantias reais e fidejussórias, compartilhada entre todos os credores seniores. Os acionistas garantem, de forma não solidária, por meio de um Contrato de Suporte de Acionistas (ESA) para os acionistas privados, e de fianças corporativas para os públicos, todo o serviço da dívida e quaisquer custos excedentes do projeto até pelo menos 18 meses após a entrada em operação da 50ª turbina.  A construção do projeto está de acordo com o cronograma esperado, com 44 turbinas em operação comercial e 99,9% de conclusão física.
 
No período de 12 meses encerrado em junho de 2016, a Saesa apresentou geração de receitas de R$ 2,98 bilhões. No mesmo período, a companhia teve custos relativos ao FID/GSF e recompra de energia de aproximadamente R$ 239 milhões, abaixo do esperado pela Fitch. Após custos e despesas operacionais, a concessionária apresentou Ebitda de R$ 1,372 bilhão.
 
O índice de cobertura do serviço da dívida (DSCR) do período foi de 1,16 vez, após a incorporação de R$ 451 milhões em novos desembolsos de dívida, R$ 490 milhões de capital do acionista e R$ 637 milhões de investimentos. Desconsiderando a injeção de capital dos acionistas, o DSCR é de 0,56 vez. Com base em junho de 2016, a concessionária detinha dívida total de R$ 14,8 bilhões e R$ 509 milhões em caixa, resultando em um índice dívida líquida/Ebitda de 10,5 vezes, frente a 15,1 vezes e 16,6 vezes em março de 2016 e dezembro de 2015, respectivamente.