O Operador Nacional do Sistema Elétrico diz que a transmissão será um dos gargalos nos próximos anos. E está preocupado com o escoamento da energia de Belo Monte no ano que vem. Muito dos problemas se deve aos atrasos na construção de linhas de transmissão que pertencem à Abengoa. Um dos projetos de responsabilidade da empresa era a construção do segundo bipolo de transmissão da usina, que escoaria a energia para o Nordeste.

Como a empresa não tem mais condições de construir os empreendimentos, a Agência Nacional de Energia Elétrica deverá declarar a caducidade das concessões e realizar um novo leilão. Mas isso demanda tempo. "Há um descompasso entre a geração de Belo Monte e a transmissão por causa da Abengoa. Pode ser que não se consiga escoar tudo [toda a energia produzida]", comentou o diretor-geral do ONS, Luiz Eduardo Barata, que se encontrou com jornalistas para a comemoração dos 18 anos do ONS.

Segundo ele, o problema pode acontecer no começo do período úmido de 2017 e perdurar até fevereiro de 2018, quando está prevista a entrada em operação do primeiro bipolo da usina, que trará a energia para o Sudeste. "Pode ser que no começo do período úmido de 2017 não se consiga escoar tudo. O descasamento acontece num período muito curto porque no período seco a usina gera bem pouquinho", explicou o executivo. Ele calcula que poderiam deixar de ser transportados cerca de 600 MW.

O consórcio que constrói o primeiro bipolo, que tem a chinesa State Grid, segundo Barata, está trabalhando fortemente para tentar antecipar um pouco a entrada em operação da linha. Mas mesmo que isso não ocorra, Barata afirma que o abastecimento de energia está garantido e que o descasamento não compromete o fornecimento.

Licenciamento – O ONS quer trabalhar no sentido de reduzir os prazos de licenciamento ambiental, para que as linhas possam entrar mais rapidamente. Atualmente, segundo Barata, as linhas demoram entre 4 e 5 anos para ficarem prontas. A ideia é que isso ocorra em um período de 3 a 4 anos.

Hoje, o ONS tem convicção de que, nos leilões, não é possível reduzir o prazo de construção, pois afugentaria os investidores. A proposta é de, primeiro, conseguir reduzir o prazo dentro dos órgãos de licenciamento, para depois refletir isso nos leilões. Um problema atualmente segundo Barata, é que os órgãos que participam do licenciamento, como o IPHAN, O ICMBio e a Funai, por exemplo, tem equipes muito reduzidas e não tratam de projetos ligados apenas ao setor elétrico.