Um estudo da organização ambiental Greenpeace aponta que o Brasil poderia abandonar todas as fontes de combustíveis fósseis até 2050 e ficar 100% renovável. Basicamente, a solução está baseada no aumento da geração de energia elétrica pra que esta possa suprir a demanda até mesmo de mobilidade por meio de fontes renováveis e que poderão levar até a uma economia de R$ 45 bilhões ao ano no custo de fornecimento do insumo ao país. Com medidas de eficiência energética, a redução no consumo de energia poderia alcançar 47% ante o que se espera ter em 2050.

Entre as consequências dessa verdadeira virada no matriz energética nacional, destacou a entidade está a redução do preço da energia, criação de empregos, melhoria da qualidade do ar e ajudar no combate ao aquecimento global. O Greenpeace lembra ainda que o país passou recentemente por um stress hídrico que levou ao aumento médio de 72% nas contas em decorrência do uso de térmicas a combustíveis fósseis.
A entidade analisou dois cenários na edição de 2016 do estudo [R]evolução Energética, sendo a manutenção do cenário atual e como deverá ficar a matriz se houver a mudança. Com a não abolição dos hidrocarbonetos a perspectiva é de que ao alcançarmos a metade do século estaremos com 30% da matriz energética originada de derivados do petróleo, 26% de eletricidade, 4% de carvão, 8% de gás natural e 31% da biomassa. Já no segundo cenário 49% seria derivado da biomassa, 45% da eletricidade, 5% de solar térmica e 1% de outros.
Especificamente sobre a energia elétrica a entidade aponta nesses dois cenários o perfil de fontes caso seja continuada a expansão da forma que está. Continuando o ritmo atual a hidroeletricidade será responsável por 53% da geração, 15% de eólica, 10% de biomassa, 5% para a solar fotovoltaica, mesmo índice da nuclear, 8% de gás natural, 1% de solar concentrada, bem como para óleo combustível, carvão e diesel.
Ao se tirar os combustíveis fósseis essa relação muda com a expansão a 25% da eólica, 14% da solar fotovoltaica, 7% da solar concentrada e a redução da biomassa a 7% e da hidroeletricidade a 45% do total. Nesse perfil, o país poderia atribuir mais geração descentralizada e com isso ter maior segurança, reduzindo os riscos de quedas de fornecimento.
Segundo o relatório o abandono dessas fontes fósseis deverá ser gradual sendo o carvão o primeiro. Até 2030 o mineral pode não ser mais utilizado. Já o petróleo, em 2040, sendo o gás natural o combustível de transição até ser deixado de lado em 2050. Em sua substituição estariam os biocombustíveis e a energia elétrica. Como destaque apareceriam as duas mais novas fontes dos leilões que temos hoje, a eólica e a solar – fotovoltaica e concentrada – que poderiam responder por 46% da matriz, o dobro que é previsto atualmente, passando de 106 GW para 349 GW em meados do século. O estudo está disponível para download. Para acessar, clique aqui.