O setor eólico comemorou oficialmente nesta terça-feira, 30 de agosto, a marca de 10 GW em capacidade instalada no país. Esse volume foi obtido no dia 25 de agosto quando entrou em operação comercial o 400º parque em território nacional. São quase 5,3 mil aerogeradores no país. E a fonte se prepara para chegar aos 20 GW em menos tempo, pois já há contratados até 2020 quase 9 GW, elevando a potência total do país a 18,4 GW, montante este que deverá aumentar com a realização do Leilão de Energia de Reserva, agendado para dezembro.
De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica, a fonte, que começou a ser inserida de forma mais incisiva a partir de 2009, já alcançou 7% da matriz elétrica. A presidente executiva da entidade, Élbia Gannoum, destacou durante a abertura da 7ª edição do Brasil Windpower, evento que é realizado no Rio de Janeiro até a próxima quinta-feira, 1º de setembro, os diversos números que a fonte atingiu neste período.
Entre esses está a geração de 41 mil postos de trabalho, investimentos acumulados de R$ 60 bilhões desde 1998, recordes de geração de energia como no dia 1º de agosto às 10 horas, quando a fonte representou 10% do SIN com 6.159 MW e fator de capacidade de 72%. E ainda que a perspectiva seja promissora já que é a fonte que mais tem participado da expansão o sistema e cujo potencial total do país ultrapassa os 500 GW.
“Muito em breve seremos a segunda fonte de energia da matriz elétrica nacional. Éramos chamados de fonte alternativa há pouco tempo, passamos a ser complementar e agora surgiu um novo termo que é de fonte renovável moderna. A fonte eólica traz a reposta à transformação energética pela qual o país passa e está trazendo um novo jeito de promover investimentos no setor energético nacional”, afirmou a executiva no principal evento de energia eólica da América Latina.
Os principais estados em termos de potencial instalado no Brasil são o Rio Grande do Norte com 115 parques e 3.164 MW, seguido da Bahia com 73 usinas e 1.897 MW, em terceiro está o Rio Grande do Sul com 66 parques e 1.568 MW e, bem próximo, aparece o Ceará com 50 usinas por onde se dividem 1.580 MW de potência instalada. Mas, a fonte ainda enfrenta desafios. Segundo Edgard Corrochano, diretor geral da Gamesa, em um vídeo apresentado na abertura, questões como financiabilidade de projetos, a existência de linhas de transmissão para o escoamento da energia e a previsibilidade e estabilidade na contratação de projetos nos leilões A-3, A-5 e LER são fundamentais para que o Brasil ganhe mais eficiência.
Com a marca dos 20 GW já garantidos mesmo pouco após ter alcançado os 10 GW, Élbia destacou que a terceira tranche de 10 GW é o desafio a ser enfrentado. De acordo com ela, fatores como a demanda de energia, as questões de financiamento e os critérios de margem de escoamento estarão no centro das discussões. Ainda segundo ela, no curto prazo é necessário que a demanda de energia volte com força. "Não estamos tendo crescimento que justifique a contratação. Tem que voltar a crescer para contratar", avisa.
O presidente do Global Wind Energy Council (GWEC) Steve Sawyer, por sua vez, ressaltou ainda que a América Latina será uma região onde a fonte eólica continuará sua curva de crescimento a despeito dos desafios que fazem frente ao setor. E ainda, que será o Brasil o a liderar esse desenvolvimento do mercado eólico. Tanto é assim que o país foi o quarto maior mercado de expansão eólica no mundo, atrás apenas da China, Estados Unidos e Alemanha, segundo a entidade, com 4,3% da demanda global da fonte.
Em sua participação no evento, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Eduardo Azevedo, ressaltou que o governo tem se esforçado em conciliar as demandas do setor elétrico, sejam estruturais ou as conjunturais no sentido de atrair a retomada dos investimentos na expansão para o país voltar a crescer. E que no contexto das metas assumidas pelo país na COP-21, de ter 23% da matriz elétrica proveniente de fontes renováveis fora a hidroeletricidade, a eólica tem papel preponderante para que seja esse índice seja alcançado. “A geração eólica e a indústria é um caso de sucesso no Brasil. Sucesso que precisa ser ampliado e mantido. Há muito a se fazer e cabe ao governo transformar os desafios em oportunidades”, acrescentou ele.
Ainda na abertura do evento foi entregue a Bento Koike, fundador da Tecsis, a Odilon Camargo, presidente da Camargo Schubert, e Mário Araripe, presidente da Casa dos Ventos, a homenagem de Embaixador do Vento pela obra dessas personalidades e sua contribuição ao desenvolvimento do setor eólico. “Se tivéssemos a olimpíada do vento, teríamos a velocidade dos jamaicanos e a regularidade dos quenianos”, comparou Araripe ao receber a honraria. Ele citou ainda a crise econômica pelo qual o Brasil passa e suas dificuldades como a redução de carga, um fato novo em meio aos últimos anos. “O vento pede cuidado, pois a eólica continuar a ser o motor de retomada do crescimento do país”, discursou.
Já Odilon Camargo lembrou que percorreu o interior dos estados brasileiros e relatou que viu muita pobreza nessas regiões. E que a eólica promoveu uma transformação por onde passou. “Tenho a certeza, depois de 40 anos, que a gente sempre deve olhar é para o futuro. E a eólica ficará mais fácil, reduzirá custos e expandirá para outros estados. As máquinas tendem a crescer. O futuro é brilhante (…)há muita coisa para acontecer para as próximas gerações”, finalizou.