O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica, Tiago de Barros, está otimista com o resultado do próximo leilão de transmissão, que foi adiado para o dia 28 de outubro. Ele contou que o adiamento deve ser entendido como um tempo adicional para que mais agentes entrem na disputa. "Acredito que players que estavam ausentes em outros leilões vão regressar e talvez já seja possível a entrada de um ou dois players novos no Brasil", comentou o diretor, que participou nesta quinta-feira, 1º de setembro, do Brazil Windpower.
Segundo Barros, deve haver uma melhora nas condições de proposta e o volume contratado deverá ser muito acima do que tem sido nos últimos anos. "As condições em relação a 2015 já são muito melhores em termos de prazo e de remuneração. Vão ficar melhores um pouquinho. Mas não adianta melhorar e não dar tempo para que os interessados estudem os projetos, avaliem os riscos e realizem as propostas. Por isso que esse leilão acabou sendo estendido um pouco mais. A gente identificou que haveria novos entrantes com interesse, mas que eles precisavam de alguns dias a mais. Um mês a mais não tem problema", declarou o diretor da Aneel.
Novas tecnologias – Barros comentou ainda sobre as novas tecnologias que provocarão grandes mudanças no setor elétrico: geração distribuída, smart grid, veículos elétricos e armazenamento de energia. A Aneel, segundo ele, deu passos em todas as frentes. Com o armazenamento, existe a chamada de P&D estratégico e no caso dos veículos elétricos uma consulta pública foi aberta. Os demais temas já foram objeto de discussões na agência.
No caso dos veículos elétricos, Barros afirma que essa será uma tecnologia que vai entrar nos mercados e que a regulamentação precisa acompanhar. A Aneel ainda não tem um estudo sobre qual será o impacto na rede causado pelos veículos elétricos, mas a Superintendência de Regulação da Distribuição deverá fazer essa análise para colocar o tema em audiência pública. "Eu diria que 99% dos carros em 2040 serão elétricos. Eles são mais simples de fazer e montar, mas o custo da bateria ainda é alto. No entanto, ele vem caindo cerca de 25% ao ano", apontou.
Lilian Alves, chefe para a América Latina da Bloomberg New Energy Finance, é um pouco mais conservadora. Ela acredita que 35% de todos os veículos serão elétricos até 2040, o que já corresponderia a cerca de 40 milhões de veículos. Entretanto, o diretor da Aneel alerta que além de uma mudança na regulamentação, é preciso uma alteração legal, pois hoje não é permitida a comercialização de energia elétrica para abastecimento automotivo. "Posso abastecer na minha casa, no trabalho, mas não pode ter uma rede de abastecimento", comenta.