Os fabricantes de aerogeradores querem uma contratação anual de 3 GW para a fonte eólica nos próximos leilões. Em debate sobre oportunidades para a cadeia produtiva realizado nesta quinta-feira, 1º de setembro, durante o Brazil Windpower, no Rio de Janeiro, representantes das empresas alegaram que esse número seria capaz de manter a cadeia industrial eólica nacional e dar volume ao mercado.

Dos 3 GW pleiteados, cada fabricante ficaria com 500 MW, uma vez que atualmente o país conta com seis fabricantes: Gamesa, Acciona Nordex, GE, Wobben, Vestas e WEG. De acordo com Edgard Corrochano, presidente da Gamesa no Brasil, a meta é necessária para que a produção não sofra interrupções. "Precisamos de muitos anos de leilões para manter a cadeia ativa", afirma. A Gamesa tem 2 GW em operação e mais 1 GW que serão entregue em até 15 meses.

Ainda de acordo com o executivo da Gamesa, o alcance dessa meta aliado a uma melhora na conjuntura seria fundamental para que as fabricantes conseguissem se viabilizar como exportadoras de equipamentos. Países vizinhos como a Argentina, Peru e México vem realizando contratações e os aerogeradores feitos no Brasil não estão conseguindo êxito, em razão dos seus custos. "Se conseguirmos 3 GW vamos reduzir os custos, ficar mais eficientes e poder exportar", avisa.

Para Rosana Santos, líder de marketing e produtos da GE Wind, que também participou do debate, a chegada ao amadurecimento da cadeia, sem qualquer tipo de interrupção nesse processo, vai torná-la apta a exportar os aerogeradores a partir do Brasil. "Tem que agregar à demanda brasileira a da América Latina. Um soluço na cadeia pode prejudicar tudo", observa. A GE estuda exportar para a Argentina, mas ainda não concluiu os estudos sobre a possibilidade. A GE é uma das líderes do mercado e vem ampliando mais ainda a sua presença no mercado brasileiro desde que adquiriu a parte de equipamentos para energia da francesa Alstom.

Reafirmando a aposta no mercado brasileiro, investidores e fabricantes pedem certeza de demanda, por meio da realização de leilões. Para Robert Klein, presidente da Voltalia, não há porque a fonte não ser contratada no país, já que os seus preços praticados vêm sendo competitivos. "O que vamos fazer dos projetos se não houver leilão", indaga. Admitindo que aconteceram melhorias no setor nos últimos anos, ele defende os investimentos no setor, lembrando que isso viabilizou equipamentos mais modernos como as turbinas de 3 MW. 

Outros aspectos ainda permanecem no radar de desafios do setor, como o financiamento de projetos e a transmissão da energia. Para Marcio Trannin, diretor de desenvolvimento da Enel Green Power, lembra que a região Nordeste ainda tem problemas de conexão e que fatos como a falência da transmissora espanhola Abengoa são possíveis de acontecer, mas não podem acabar impactando nos agentes de geração.