A dinamarquesa Vestas se mostra preparada para uma nova fase no Brasil. Depois de altos e baixos em sua presença local, a recente onda de investimentos da empresa no país que levou à instalação de uma nova fábrica no Ceará, inaugurada em janeiro, preparou a companhia para focar sua atuação no Brasil. Como consequência do primeiro ano de equipamentos que atendem as regras mais elevadas de conteúdo local, a expectativa é de que 2016 apresente um volume de pedidos mais elevado do que em 2015, quando foram anunciados 376 MW em potência instalada.
De acordo com o presidente da empresa no Brasil, Rogério Zampronha, a companhia possui um método conservador de divulgação de pedidos firmes. Com isso, até o momento é de conhecimento que os pedidos somam 172 MW, mas, comentou o executivo, a companhia já tem perspectivas de novos acordos em breve, inclusive, já há negociações com clientes que até fizeram pagamento de 20% do valor de contrato que ainda não foram reveladas, bem como, um novo contrato que foi fechado durante a edição deste ano da Brazil Windpower, que terminou nesta quinta-feira, 1º de setembro.
Nos plano da empresa para este ano, contou Zampronha à Agência CanalEnergia, está a finalização de um cluster de serviços que está em construção na Bahia, que se segue à inauguração de um centro de serviços em Natal (RN) e de um armazém de partes sobressalentes para atendimento aos clientes. “Isso aconteceu no último ano, que foi muito dinâmico, e inclusive, contou com a adoção de um segundo turno de produção na nossa fábrica, em Aquiraz, no Ceará”, lembrou.
Essa necessidade de um segundo turno veio em decorrência do grande volume de pedidos que a empresa acumulou. Estão na carteira de projetos da Vestas a ser entregues mais de 500 MW em potência instalada. E, há um otimismo em relação ao mercado nacional, em parte decorrente das recentes definições políticas do país.
“Não há investidor que aposte firme em um mercado com indefinições como as que o Brasil vivia desde o final do ano passado. Independentemente de posição, uma definição quanto ao caminho do país é melhor do que o quadro que tínhamos. Com a dinâmica natural do mercado, a tendência é de que tenhamos uma retomada, que a meu ver deve ser mínima em um primeiro momento mas tende a melhorar no futuro”, comentou ele.
Tanto é que a expectativa é de que a empresa possa anunciar mais contratos a ponto de ultrapassar o volume reportado em 2015. Ele acredita que com a definição do rumo do país a economia voltará a crescer e com isso a demanda pode apresentar uma curva mais elevada. Em complemento a essa projeção defendeu o que todo o setor vem dizendo, de que é necessária a contratação de energia no leilão de energia de reserva desse ano, pois o país poderá apresentar até mesmo um risco de desabastecimento, uma vez que a sobra estrutural não é tão elevada quanto se projetava.
Ele cita um estudo da ABEEólica, entidade da qual é membro do conselho, que aponta para uma sobra de pouco mais de 3 GW médios ante os 12 GW médios contratuais. O estudo, comentou ele, revela que se o país voltar a crescer pode haver o risco de desabastecimento e por isso necessita da contratação de energia. Em um cenário base de 2%, de expansão, que não é um índice alto ante a depressão na casa de 7% acumulada nos últimos dois anos, já eleva o sinal de alerta para algumas regiões do país.
Por isso, reforçou Zampronha, o Brasil está no foco da empresa. “A Vestas é dinamarquesa e tem visão de longo prazo, mesmo em dificuldades, em 2012, e que são conhecidas pelo mercado, não desistiu do Brasil. Reforçou sua presença na China, India e no Brasil. Aqui o desempenho percentual muito grande”, afirmou ele que classificou o momento da fabricante como muito feliz por aqui.