O contrato que a francesa Schneider fechou com a AES Eletropaulo para a venda de 2,5 mil religadores foi o maior do tipo feito pela fabricante, mas deverá se tornar cada vez mais comum ao passo que a necessidade de atender aos indicadores regulatórios aumenta. A companhia mantém conversas com outras concessionárias, uma vez que a rede elétrica de distribuição no país é predominantemente aérea.
“Os religadores representam a evolução natural do setor que tem migrado cada vez mais para a automação das redes. Esse é um caminho sem volta para as concessionárias, que têm a obrigação de reduzir sempre mais o tempo de resposta a um desligamento, no caso das distribuidoras”, explicou o diretor da unidade de negócios energia da Schneider, Júlio Martins. “Esse segmento de concessionárias de energia como um todo é estratégico, representa algo entre 30% e 40% dos negócios da empresa”, acrescentou.
No Brasil a aposta é de que a venda dessa categoria de equipamentos deverá ser naturalmente mais elevada, até porque ainda há espaço para a sua adoção. A operação local da companhia francesa justifica essa impressão pelo fato de que a Aneel vem impondo novos limites mais restritos de DEC e FEC para a avaliação de performance das concessionárias e, nesse sentido, apesar de investimentos em equipes de campo, chega uma hora que é humanamente impossível de obter melhoria de resultados apenas com a contratação de pessoas. Por isso, comentou o executivo, aplicar inteligência na rede por meio de automação é a forma de se conseguir obter ganhos mais expressivos e com um investimento relativamente baixo em comparação ao benefício obtido com o equipamento já percebido no curto prazo.
“Há uma distribuidora que é nossa cliente que conseguiu reduzir o tempo de atendimento de cerca de uma hora para três minutos”, exemplificou sem revelar qual é a concessionária em questão. E comentou ainda que quanto maior a cidade mais complicada é a operação de campo ou em cidades em que as distâncias são muito grandes e cuja rede é extensa. O equipamento, explicou o diretor, são parcialmente padronizados e podem receber customizações e acordo com a necessidade de cada cliente. Essas atualizações dependem das características de cada rede e à medida que se necessita de soluções específicas é possível aumentar o nível de tecnologia aplicada nesse produto.
A Schneider e a AES Eletropaulo divulgaram a assinatura de um contrato de fornecimento de religadores que soma US$ 29 milhões, o maior para a empresa francesa para esse produto no mundo. Foram adquiridos 2,5 mil unidades que começaram a ser entregues no primeiro trimestre de 2016. A perspectiva é de encerrar o fornecimento em abril de 2017 e o término da instalação é prevista para dezembro do mesmo ano.
O modelo escolhido foi o U27, que possui lógica de programação pré estabelecida, que segundo a empresa francesa, facilita a implementação de automação da rede e conta com o recurso de recomposição automática da rede de distribuição, o self healing.