A Solvi, empresa que atua principalmente no segmento de gerenciamento de resíduos públicos, colocou em operação a sua terceira térmica movida a gás originado de aterros sanitários. A Termoverde Caieiras, localizada no município de mesmo nome na Grande São Paulo, é a maior da categoria com 29,5MW de capacidade instalada e 27 MW médios de energia assegurada e foi iniciada com 80% de sua energia vendida a comercializadoras, ainda em abril de 2014. Empresa já avalia propostas pelos 20% que ainda estão sem contratos.

Segundo o diretor geral da usina, Carlos Bezerra, esse é o modelo de negócios para essa fonte na empresa, apresentam o projeto antes ao mercado e quando alcançam volume de energia negociada fecham os contratos com fornecedores de equipamentos e iniciam os demais trâmites para colocar a planta de pé. No caso da nova usina, que será inaugurada oficialmente nesta sexta-feira, 16 de setembro, foram investidos pouco mais de R$ 100 milhões, incluindo a subestação para acessar a rede de 138 kV que passa ao lado da usina.
A usina conta com 21 motores de 1,407 MW de capacidade instalada da GE e que foram importados. Esses equipamentos são abastecidos com o biogás resultante do tratamento do gás gerado no aterro que recebe os resíduos de cidades de Caieiras, do entorno e de metade da capital paulista. A necessidade da planta é de 14 mil metros cúbicos por hora.  Esse combustível é captado por meio dos cerca de 300 poços existentes nesse aterro.
Bezerra contou que foram quase dois anos de obras. No início do projeto a empresa ficou de olho até mesmo em leilões para o mercado regulado, mas que em função da necessidade de fechar PPAs para o início das obras acabaram optando pela negociação ao mercado livre que foi feita via leilão privado. Essa venda ocorre antes da assinatura do contrato de financiamento. Os recursos foram obtidos junto ao BNDES em uma linha chamada Fundo Clima mais outra modalidade que toma como base uma cesta de moedas, além de capital próprio.
“A construção foi iniciada em dezembro de 2014. Nosso modelo de negócio está baseado em vender boa parte da energia antes dos contratos de financiamento e de compra de equipamentos para não correr riscos, pois assim podemos verificar a viabilidade econômica do empreendimento”, explicou o executivo. “Aí apresento análise de viabilidade técnica o valor da energia e aprovam o capex para o projeto”, acrescentou.
Bezerra explicou que a venda não segue uma regra exata. Para a térmica paulista os 80% que estão comercializados entraram via o leilão privado. Mas, por exemplo, na unidade da Bahia, houve venda a comercializadores e vendas diretas aos consumidores finais. Agora com 20% livres, comentou, a empresa está avaliando as propostas que tem recebido do mercado e é possível que não realize nem mesmo um leilão para colocar sob PPAs. Por enquanto a usina liquida esse volume no mercado spot, ao PLD.
Aliás, em termos de preços de energia, o executivo relata que em termos de grandeza o preço de venda de energia tem que estar entre R$ 200 a R$ 250/MWh, isso porque a fonte ainda apresenta um valor mais elevado. Em contrapartida, lembra que por ser classificada como fonte incentivada permite 100% de desconto na tarifa fio, o que ajuda na questão da competitividade. Outro ponto que também tem seu impacto é a questão da escala, pois quanto menor o projeto mais caro fica a energia. Nesse caso de Caieiras é a maior usina do tipo da empresa no país – há uma em Salvador de 20 MW e outra no Rio Grande do Sul de pouco mais de 8 MW de potência – e uma das maiores do mundo.
“A expectativa é boa para os preços. Não deveremos ver os patamares de anos anteriores, mas nossa expectativa é de que o PLD vai subir e que por consequência o preços no mercado livre”, disse o diretor que comentou ainda que a empresa tomou a decisão de venda em um momento certo. “Não alcançamos o pico da crise, mas fechamos negócio quando a energia estava quase no patamar mais elevado dessa crise que passamos”, comentou. Outros pontos destacados que ajudaram na viabilidade econômica da usina foram enquadramento do projeto no REIDI e isenção de ICMS por parte do governo do estado. “Sem esses incentivos a margem de manobra ficaria muito apertada”, concluiu ele.